Por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá
O Papa Francisco enviou para toda a Igreja e para o mundo uma mensagem muito bonita para as pessoas idosas, avós e avôs, comemorado em todo o universo no dia vinte e oito de Julho, tendo como lema: “Na velhice, não me abandones” (cf. Sl 71,9)[1]. Ele realçou a importância de vida das pessoas idosas, a benção que elas são para as gerações e a graça de Deus para as famílias, a comunidade e ao Reino de Deus.
O Senhor é o amparo das pessoas
O Papa colocou a proteção divina diante das pessoas mesmo quando a idade está avançada, os cabelos ficam brancos, a função social diminui, quando a vida se torna menos produtiva, correndo o risco de tudo se tornar inútil. Na escolha dos filhos de Jessé, no caso de Davi para ser rei de Israel, o Senhor disse que não olha as aparências (cf. 1 Sm 16,7) nem descarta nenhuma pedra porque as mais “velhas” são a base segura sobre a qual se podem apoiar as pedras “novas” para, todas, juntas, serem construídas o edifício espiritual (cf. 1 Pd 2,5)[2].
A misericórdia divina
O Papa Francisco afirmou a partir da Sagrada Escritura que Deus continua sempre a mostrar-nos a sua infinita misericórdia. Os Salmos dizem que Deus cuida de nós, apesar de nossa insignificância (cf. Sl 144,3-4); Deus nos teceu desde seio materno (cf. Sl 139,13) e Ele jamais abandonará a nossa vida mesmo na morada dos mortos (cf. Sl 16,10). Uma certeza está presente em nossas vidas de que Deus estará ao nosso lado também na idade avançada, na velhice que como o Bíblia fala, é sinal de benção, poder envelhecer (cf. Sl 92,15; Sl 91,16)[3].
A proximidade de Deus
A Bíblia também dá a certeza da proximidade de Deus não somente em um momento, mas em todas fases, estações da vida e ao mesmo tempo Ele dá a força no temor do abandono na velhice e nos períodos de dor e de sofrimento[4]. Tudo isso não é sinal de contradição, mas da evidência de uma realidade bem certa, a idade avançada, idosa. A modesta companheira da vida dos idosos, dos avós e das avôs, é com freqüência, a solidão[5].
Causas da solidão
O Papa Francisco enumera algumas causas da solidão na velhice porque sobretudo, nos países mais pobres, os filhos foram obrigados a emigrar. Os idosos ficam em suas terras sozinhos, porque os homens, jovens e adultos, tiveram que ir no combate e as mulheres, sobretudo as mães com crianças pequenas, deixaram o país em vista da segurança aos seus filhos e filhas[6]. Nas cidades e aldeias devastadas pela guerra, permanecem sozinhos muitas pessoas idosas e anciãs, únicos sinais de vida em meio a um abandono da morte. Outra causa que persiste muitas vezes entre as pessoas, a acusação lançada contra os idosos de “eles roubarem o futuro aos jovens”, aparecendo nas sociedades mais avançadas e modernas. Esta idéia deve ser combatida. Ou ainda disse o Papa Francisco está espalhada a convicção de que os idosos fazem pesar sobre os jovens os custos da assistência de que eles, os jovens necessitariam[7]. Tudo deve ser combatido pela palavra do evangelho do Senhor que quer dar a vida sobre a morte.
O significado do lema: “Na velhice, não me abandones” (cf. Sl 71,9)
Ele menciona uma conjuntura, uma idéia que cresce contra a vida dos idosos. O Papa afirmou que a solidão e o descarte dos idosos não são casuais, nem inevitáveis, mas são fruto de opções políticas, econômicas, sociais e pessoais que não reconhecem a dignidade infinita de cada pessoa para além de toda a circunstância, estado ou situação que se encontre[8]. A pessoa idosa é vista mais como uma despesa, demasiada elevada para se pagar. O pior disso, segundo o Papa é o fato de que os próprios idosos, avós e avôs consideram-se um fardo, sendo os primeiros a buscarem o desaparecimento[9]. As coisas que ocorram é o gosto da fraternidade em relação às pessoas idosas[10]
Os sentimentos de resignação
O Papa cita também os sentimentos de resignação, de aceitação da própria idade, no caso a velhice e de vivê-la bem. Ele teve presente Rute, a mulher que ficou junto da idosa Noemi, sendo uma antepassada do Messias, de Jesus, o Emanuel cujo significado é “Deus conosco” (cf. Mt 1,5), Aquele que aconchega e aproxima o Senhor Deus para todos os seres humanos, de todas as condições e de todas as idades[11].
É muito importante o exemplo de Rute que cuidou da idosa Noemi, de modo que a solidariedade e o cuidado dos familiares ou parentes ou conhecidos em relação às pessoas idosas, tornaram-se um imperativo, uma ajuda necessária para a vida das pessoas idosas. Assim como Rute teve um casamento feliz, uma descendência, uma terra, isto é válido para todos, segundo o Papa Francisco mantendo-se junto aos idosos, reconhecendo o papel fundamental que eles tem na família, na sociedade e na Igreja, de modo a receber deles e delas, dos idosos e das idosas, muitos dons, graças e inúmeras bênçãos[12].
No IV Dia Mundial dos avós e das pessoas idosas, o Papa convida as pessoas a mostrar ternura para com eles e elas, uma visita para as pessoas desanimadas e mostrar-lhes a coragem de dizer “não te abandonarei” e de seguir um caminho diferente, de paz e amor para com as pessoas idosas. O Papa concede a benção a todas as pessoas idosas e avós, as suas orações e pede que as pessoas rezem por ele[13].
Fonte: CNBB Norte2
[1] Cfr. IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, 2024: «Na velhice, não me abandones» (cf. Sal 71, 9) | Francisco (vatican.va)
[2] Cfr. Idem.
[3] Cfr. Ibidem.
[4] Cfr. Ibidem.
[5] Cfr. Ibidem.
[6] Cfr. Ibidem.
[7] Cfr. Ibidem.
[8] Cfr. Dicastério para a Doutrina da Fé, Declaração Dignitas Infinita; 08,04.2024, n. 1. Ibidem.
[9] Cfr. Ibidem.
[10] Cfr. Francisco. Carta Enc. Fratelli Tutti, 3: Ibidem.
[11] Cfr. Ibidem.
[12] Cfr. Ibidem.
[13] Cfr. Ibidem.