Na Liturgia e, particularmente, na Missa, ocorrem vários sinais ou gestos de reverência, que estão bem especificados e explicados na Instrução Geral sobre o Missal Romano (n. 274-275). Trata-se de genuflexão e de inclinações. Estamos diante de uma linguagem corporal.
Genuflexão: – A genuflexão se faz dobrando o joelho direito até o chão. É sinal de adoração. Por isso se reserva ao Santíssimo Sacramento e à Cruz, desde a solene adoração na Ação litúrgica da Sexta-feira da Paixão do Senhor até o início da Vigília pascal. O estar de joelhos é sinal de humildade, de respeito e reverência, mas não propriamente de adoração. A tradicional genuflexão dupla diante do Santíssimo exposto não mais existe, pois foi abolida conforme o Ritual da Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa, Introdução, n. 84, onde se diz: “Diante do Santíssimo Sacramento, faz-se genuflexão simples, quer esteja no tabernáculo quer exposto para a adoração pública”.
Na Missa o sacerdote celebrante faz três genuflexões, a saber: depois da apresentação da hóstia, após a apresentação do cálice e antes da Comunhão (cf. IGMR, n. 274). Caso o tabernáculo esteja no âmbito do presbitério, o sacerdote e os ministros que não têm nada na mão, fazem genuflexão ao chegarem diante do altar e ao o deixarem no fim da celebração. Os que trazem algo na mão, fazem inclinação da cabeça, menos o que leva o Evangeliário. Ele não faz nenhuma reverência, pois leva o Evangeliário diretamente e o coloca bem no meio do altar. Faz genuflexão quem passar diante do altar após a consagração. Fora disso, quem passa diante do altar faz inclinação profunda ou inclinação do corpo (cf. IGMR, n. 274).
Inclinação: – Pela inclinação se manifesta a reverência e a honra que se atribuem às próprias pessoas ou aos seus símbolos. Há duas espécies de inclinação, ou seja, de cabeça e de corpo. Faz-se inclinação de cabeça quando se nomeiam juntas as três Pessoas Divinas, ao nome de Jesus, da Virgem Maria e do santo em cuja honra se celebra a Missa. Portanto, não há inclinações como estão se generalizando, dos leitores ou outros acólitos ao livro, ao altar ou ao sacerdote presidente. O leitor que convém já esteja no lado do ambão na igreja, vai direto ao ambão, faz a leitura e volta ao seu lugar. Nada de ficar fazendo inclinações de cá pra lá. Se estiver do outro lado, o que não convém, quando passa diante do altar ele faz inclinação profunda ao altar. Durante a celebração, a presença sacramental de Cristo no tabernáculo é ignorada, para se realçar bem a presença de Cristo na própria celebração: na assembleia, no sacerdote presidente, na Palavra de Deus proclamada e nas espécies eucarísticas.
Inclinação de corpo, ou inclinação profunda, se faz: ao altar; às orações Ó Deus todo-poderoso, purificai-me, proferida antes de o sacerdote proclamar o Evangelho; De coração contrito, antes de o sacerdote lavar as mãos no rito da apresentação dos dons; no símbolo, às palavras E se encarnou; no Cânon Romano, às palavras Nós vos suplicamos. O diácono faz a mesma inclinação quando pede a bênção antes de proclamar o Evangelho. Além disso, o sacerdote inclina-se um pouco quando, na consagração, profere as palavras do Senhor (cf. IGMR, n. 275b). Antes e depois da turificação faz-se inclinação profunda à pessoa ou à coisa que é incensada, com exceção do altar e das oferendas para o sacrifício da Missa (cf. IGMR, n. 277).
As posturas do corpo bem como os sinais de reverência como a genuflexão e as inclinações adquirem caráter de oração, em linguagem corporal, comunicação com o sagrado, com Deus, por Cristo e em Cristo. Esta linguagem é tão ou mais intensa do que a linguagem das palavras.
Fonte: Franciscanos – Especial Gotas de Liturgia /Frei Alberto Beckhäuser