Seja bem-vindo(a) em nosso site oficial . Itabira (MG), 16 de outubro de 2025

16/10 Notícias em Geral Gaza, Gallagher: acordo para primeira fase é positivo, agora se trabalhe pela estabilidade
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O secretário das Relações com os Estados, Paul Richard Gallagher, interveio na tarde de terça-feira no Festival da Diplomacia, onde falou principalmente sobre Gaza. Por sua vez, “a questão russo-ucraniana é mais complexa do que a do Oriente Médio, esperamos que também aí se chegue à paz”. Nas relações com as outras religiões, “as decisões dos padres conciliares são irreversíveis”.

Sobre a primeira visita de Leão XIV ao Quirinal: “Grande satisfação. Viu-se o entendimento com a Itália sobre a paz”

“É positivo que o acordo para Gaza tenha sido alcançado, e é preciso reconhecer o empenho do presidente dos EUA, Trump, nesse sentido. Mas, por outro lado, todos sabemos que ainda se trata de um equilíbrio frágil e que agora será necessário muito trabalho por parte de todos, especialmente dos mediadores e atores envolvidos”. O arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, participou na tarde de terça-feira num diálogo sobre “Diplomacia vaticana e diplomacia dos Estados”, juntamente com o embaixador Giampiero Massolo, presidente da Mundys e do comitê científico do Festival da Diplomacia. O evento, acolhido pela Embaixada da Itália junto à Santa Sé, foi realizado no âmbito do Festival, que chegou à sua XVI edição, com a moderação da jornalista Giovanna Pancheri.

Gaza: os apelos da Santa Sé e o apoio às comunidades cristãs

Após as saudações introdutórias do embaixador da Itália junto à Santa Sé, Francesco Di Nitto, a conversa não poderia deixar de começar pela conclusão positiva das negociações no Oriente Médio e pela assinatura do acordo sobre a primeira fase do plano da Casa Branca, ocorrida na segunda-feira em Sharm el-Sheikh, no Egito. “Nestes anos”, disse Gallagher, “aprendemos que a paz é uma das opções, uma decisão que poderíamos definir como transcendental, mas que deve ser seguida por outras escolhas e outros acordos” que lhe dêem concretude. A Santa Sé, nesse sentido, fez tudo o que estava ao seu alcance: “Não houve oportunidade de mediar, admite, mas sempre trabalhamos para incentivar o diálogo entre as partes e pedir o respeito ao direito internacional”. Nestes dois anos, foram constantes os apelos primeiro do Papa Francisco e agora do Papa Leão XIV, a chamada “diplomacia pública”; depois, o apoio “às nossas comunidades, lembramos as ligações diárias de Francisco para a paróquia da Sagrada Família da cidade de Gaza” e, por fim, o apoio através das iniciativas do Patriarcado Latino de Jerusalém.

Os pontos fracos do acordo

Certamente, explicou o embaixador Massolo, “permanecerão por resolver os pontos frágeis da segunda fase do acordo, o desarmamento do Hamas e a retirada de Israel da Faixa de Gaza, duas perspectivas interligadas, considerando também a diferença nas relações de força em campo, a falta, neste momento, de uma perspectiva de Estado para a palestina e o fato de que, à configuração atual, se chegou através das armas: na ideia de Trump, são estas que abrem caminho à diplomacia”. O embaixador vê, no entanto, uma base comum de interesse, “dada pela perspectiva dos acordos de Abraão”.

Importância da Nostra Aetate e relações com outras religiões

Os dois anos de conflito criaram “às vezes algum mal-entendido” nas relações com as outras religiões, “em particular com o judaísmo”, admite o arcebispo Gallagher, “e, no entanto, devemos nos colocar em um caminho de reconciliação”. Com o Islã, muito foi feito “graças ao Pontificado de Francisco: por um lado, as relações com o mundo sunita, através dos contatos com o Grão-Imame de al-Azhar, Al Tayyeb, e, por outro, com o mundo xiita, lembramos a visita ao Iraque e o encontro com o aiatolá Ali al-Sistani”. Mas, em geral, ressalta ele, “as decisões tomadas pelos padres conciliares com a Declaração Nostra Aetate são irreversíveis: certamente ainda há muito a ser feito, mas se segue avante. Nossas fontes religiosas devem ser fontes de reconciliação”.

A complexidade da guerra na Ucrânia

Ao abordar o tema da crise russo-ucraniana, o prelado, embora expressando a esperança de que se possa chegar, mais cedo ou mais tarde, a uma paz, “que ainda não parece próxima”, destaca a complexidade da situação atual, muito diferente da do Oriente Médio. Nesse contexto, em que “há uma certa paralisia do setor multilateral”, a tarefa da Santa Sé “é continuar a facilitar os contatos”, diz ele. É positivo que “Leão tenha confirmado as missões humanitárias do cardeal Zuppi para a troca de prisioneiros, área em que obtivemos alguns resultados, e para as crianças”. Infelizmente, retoma Massolo, “se no Oriente Médio as dinâmicas, mesmo que tenham levado tempo, sempre pareceram de alguma forma decisivas, na Ucrânia faltam os pressupostos de um interesse comum entre as partes, como, por exemplo, os acordos de Abraão para o Oriente Médio”. Estaria, portanto, nas mãos do presidente Trump a possibilidade de decidir utilizar “algumas alavancas de pressão, em particular sobre Moscou”.

Conflitos esquecidos, viagem de Leão à Turquia e ao Líbano

Gallagher enfoca então as crises e os conflitos esquecidos, ou quase, “porque atraem menos a atenção da mídia”, e sobre os quais, no entanto, a Santa Sé continua a manter um foco constante: o Sudão, “onde há uma verdadeira guerra civil”, a República Democrática do Congo, o Sahel, Madagascar, Mianmar, “onde a Igreja continua a trabalhar a nível local com muitas de suas comunidades”. Ele fala sobre a próxima viagem de Leão à Turquia, “o Concílio de Niceia é fundamental para a história do cristianismo”, ressaltando como é importante poder colaborar com o Patriarcado de Constantinopla e manter relações proveitosas com Ancara como “grande ator internacional”; e no Líbano, “ao qual Francisco fez uma promessa solene, ligando-a também à nomeação de um novo presidente” e onde “é preciso trabalhar para consolidar a paz e trazer estabilidade à região”.

Satisfação por visita do Papa ao Quirinal

Por fim, sobre a visita desta terça-feira do Pontífice ao presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, a primeira no exterior, ele diz: “Um dia de grande satisfação para a Santa Sé. Viu-se bem o entendimento que existe com a Itália sobre o tema da paz”.

Roberto Paglialonga – Vatican News

Capa: O arcebispo Gallagher em diálogo com o embaixador Massolo no âmbito do Festival da Diplomacia (Vatican Media)