O arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Jaime Spengler, publicou um artigo intitulado “Lágrimas da Casa Comum” em que faz um forte apelo por ações concretas diante das novas chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, pouco mais de um ano após a tragédia climática que devastou o estado em 2024.
Para o cardeal, os discursos e promessas se repetem, mas as ações efetivas ainda são lentas diante da urgência das necessidades da população. “A burocracia, a morosidade e, talvez, a falta de transparência em alguns setores colaboram para a morosidade diante do que necessita ser feito”, escreveu.
Ele relembra a onda de solidariedade que mobilizou o país após a tragédia de 2024 e destaca que, apesar do reconhecimento da necessidade de investimentos e reconstrução, os mesmos problemas voltaram a acontecer: desabrigados, infraestrutura destruída e medo entre os mais pobres.
Passaram-se 13 meses e as chuvas voltaram intensas! Desabrigados; estradas e pontes destruídas! Novamente, os mesmos discursos: “choveu acima da média”; “infelizmente, não se pode prever este tipo de situação”; “estamos empenhados em ir ao encontro de quem necessita de auxílio”. Certamente, tais observações têm sua razão de ser. No entanto, há de se reconhecer: o tempo urge. A burocracia, a morosidade e, talvez, a falta de transparência em alguns setores colaboram para a morosidade diante do que necessita ser feito.
Segundo dom Jaime, a sociedade brasileira passou da “sociedade do cansaço” para a “sociedade do medo”, sobretudo entre os mais vulneráveis, que convivem diariamente com a insegurança, a falta de trabalho e o risco constante de novas tragédias ambientais.
Inspirado na doutrina social da Igreja e nas palavras do Papa Francisco, o cardeal enfatiza que cuidar do meio ambiente é uma missão urgente para todos, especialmente para os cristãos. “A Casa Comum é obra divina”, afirma. Para ele, pequenas atitudes cotidianas, como separar o lixo e manter a cidade limpa, são formas concretas de colaboração que podem fazer diferença no futuro.
“Não basta se lamentar do acontecido ou do modo de proceder do poder público. Urge que cada um colabore para deixar o mundo um pouco melhor para as futuras gerações”, conclui.
Acesse (aqui) o artigo de dom Jaime na íntegra.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul confirmou na quarta-feira, 25, mais uma vítima das cheias que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana, somando cinco mortos. Um homem segue desaparecido.
Ao todo, 155 municípios gaúchos reportaram danos ou intercorrências em razão das chuvas. São mais de 9 mil pessoas fora de casa, conforme dados oficiais da Defesa Civil.
Por Larissa Carvalho
CNBB