Por Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
Bispo de Campos (RJ)
O V Dia mundial dos pobres nos traz a mensagem escolhida pelo Papa Francisco, de São Marcos 14,7: “Pobres sempre tereis entre vós”. À primeira vista, esta frase pode-se tornar uma desculpa esfarrapada para não fazer nada pelo fatalismo, sempre haverá pobres. No entanto, para Jesus trata-se de um sinal qualificador do seu seguimento, se não estamos juntos aos pobres não somos cristãos.
Para alguns, é importante fazer alguma caridade para com os necessitados, pois alivia e ameniza sua condição. Para outros, é preciso algo mais, fazer junto, ou com os pobres, tratando se superar um certo paternalismo ou posição de superioridade em respeito a eles. Nesta situação, busca-se seu empoderamento, sua dignidade e cidadania.
Porém, para o Evangelho a mensagem ainda é mais exigente: ser e estar como os pobres e com eles partilhando a sina, o destino e a amizade. Supõe deter-se para se tornar amigo e irmão, que de longe é o que mais valorizam, a chance de serem tratados como pessoas, como um tu, como alguém que é sujeito, tem nome e história.
Alguma vez me perguntaram de quantos pobres era amigo, por certo não interessa a quantidade, mas de ser capaz de ter vínculos de proximidade, empatia e de sentir um afeto profundamente humano por nossos irmãos excluídos. Claro que os olhos da fé podem ajudar-nos a iluminar este encontro com os pobres, descobrir que neles está misteriosamente e sacramentalmente o Senhor Jesus, e que ir ao seu contato e procura é despertar em nós a compaixão, sensibilidade e ternura que torna-nos, não só melhores, mas misericordiosos como o Pai.
Tem se falado da aporofobia, da indiferença e mesmo do ódio aos pobres, não explícita, mas velada, em decisões que os condenam à fome, à falta de moradia ou à doenças crônicas que terminam matando-os. O Apóstolo Tiago afirmava, sem muitas voltas, que são estes os pecados que clamam aos céus. A Igreja quer ser a Casa dos pobres, a família dos pobres, o lugar onde não precisam pedir licença para entrar, pois é seu lar.
Gostaria de encerrar com as palavras do Pe. Primo Mazzolari, citado na mensagem do Papa Francisco: “Não me perguntem quem são, quantos são e onde estão os pobres, porque aos pobres temos é que abraçá-los e estar com eles, pois são nossos irmãos”. Deus seja louvado!