São João Batista, o profeta que abre caminhos de justiça para o Reino

São João Batista, de Anton Raphael Mengs – Steffi Roettgen, Anton Raphael Mengs 1728-1779 (domínio público, Wikipedia)

Por Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
Bispo de Campos (RJ)

 

Os ciclos das festas juninas têm um ponto alto na Solenidade da Natividade de São João Batista, o maior dos profetas, porque apresentou o Cordeiro de Deus Salvador. Com ele temos a memória viva da vocação e missão dos profetas e profetizas no Povo de Deus, guardar a fidelidade à aliança e preparar os caminhos do Salvador esperado pelos povos e nações.  

No tempo de Elias quando ele estava sendo perseguido pela rainha Jesabel que queria matá-lo, ele também se queixou: “Mataram todos os profetas”. E Deus respondeu: “Não, ainda sobram muitos profetas que eu reservei…” (1 Reis 19 ). Às vezes temos a tentação de pensar, que não há mais profetas na Igreja e no mundo, esquecendo a própria profecia de Joel que chegará o dia em que todo o povo se tornará profeta.  

Notamos com certa preocupação que alguns setores da Igreja pensam que a evangelização não precisa mais de profetas, que o anúncio deve limitar-se à proclamação estrita da Palavra, e que os assuntos sociais e ambientais não integram ou fazem parte da missão de evangelizar.  

Há um esquecimento dos documentos da CNBB que como o n*80 desenvolve o tema da Evangelização e missão profética da Igreja integrando os novos desafios da nossa cultura, o Sínodo sobre Igreja e Justiça de 1971, onde se afirma de forma clara que a justiça pertence ao anúncio do Evangelho, ou as Conferências de Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida que ensinam que entre a Evangelização a justiça e a promoção humana integral existem vínculos intrínsecos inseparáveis, pois a opção pelos pobres faz parte fundamental do Evangelho.  

No dia 07 de agosto de 1999, o monge conhecido pela sua atuação entre os pobres, recebeu a última palavra que ele escutou de Dom Helder Câmara. Ele tinha pedido uma palavra de vida e a benção a Dom Helder, com os olhos fechados e com muita dificuldade ele sussurrou a Marcelo Barros. “Não deixe cair à profecia”. Esse  legado profético é divino, pois sempre será Deus que inspira e chama a esta vocação que organiza, mobiliza e faz evangelizar, deixando de lado as estratégias de marketing e os apelos à teologia de uma prosperidade meramente material ou do mundanismo espiritual individualista para “vencedores”.  

Celebrar autenticamente São João Batista como diz o Senhor Jesus é não tornar-se jamais um caniço que se dobra servilmente aos ventos e interesses, mas sonhar e lutar pelo Reino da vida para todos, anunciando a profecia do Espírito de Pentecostes, da fraternidade, da justiça e sustentabilidade para toda a Terra, todas as pessoas e seres vivos. Deus seja louvado! 

Fonte: CNBB

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