Bernard Clavel, pensador francês muito apreciado, que muito escreveu na segunda metade do século passado, respondeu assim a uma pergunta de um entrevistador: “Quem é Cristo para você?”
“Sem dúvida somente escrevendo um livro inteiro é que um escritor deveria responder esta questão. A tentação é forte, diante desta figura luminosa que é, sem dúvida, o mais belo personagem com qual se possa sonhar. A mais bela aventura desta vida, marcada por caminhadas, descobertas, criatividade e alegria e a aceitação de imensa dor.
Como me sinto indigno de escrever um livro sobre ele, talvez possa responder com uma ou poucas palavras. Quais?
Homem, Irmão, Deus?
Para mim que nada faço sem voltar o olhar para minha infância, Jesus é antes de tudo o recém-nascido no presépio. Quer dizer a estrela mais cintilante despontada de repente na noite mais obscura, no inverno mais frio, na miséria mais escura.
É a esperança.
É prova de que nem tudo é definitivamente mergulhado nas trevas.
Jesus é uma palavra que iluminava o olhar de minha mãe quando ela o pronunciava e se debruçava sobre mim, sem dúvida porque ela desejava que um pouco da pureza do menino de Belém se encontrasse em mim.
Filho de todas as mães , ele é ao mesmo tempo o que elas mais esperam e receiam já que ele se encaminha para o calvário, palco de seu suplício e de sua ressurreição.
É um personagem que atravessa um caminho ladeado de espinhos, mas que semeia caridade, justiça e amor.
É um olhar, ao qual o pecador que sou pede força para lutar. Ele é o olhar que eu gostaria de ter diante de mim no último instante.
É aquele que sofreu para que descobríssemos a luz refletida em suas lágrimas e gostas de sangue.
Ajuda a carregar nosso sofrimento e nos ensina a partilhar nossa alegria.
Como vêm nada mais faço do que repetir o que outros já disseram, certamente cem vezes melhor.
Ele está presente.
Ele não nos pede que pintemos seu retrato, mas que lutemos para que ninguém possa experimentar o sentimento que seu sacrifício foi inútil.
Que não seja inútil esse sangue derramado.
Fonte: Franciscanos – por Frei Almir Ribeiro Guimarães