Não há registros precisos de quando a “Procissão do Encontro” foi introduzida no Brasil. Certo é que, em muitas cidades, sobretudo no interior, a tradição persiste e atrai milhares de fiéis todos os anos. É um momento de grande piedade popular e comoção para muitos católicos que refletem as dores de Maria e as últimas palavras do Cristo.
Em Itabira não é diferente. Há registros de que a Procissão do Encontro acontece desde o início do século passado. Em 1929, o padre Sudário Maria Moreira Mendes faz um breve relato da mudança de local da procissão: “Celebramos a Semana Santa como de costume e as festas próprias da Quaresma, com uma diferença na Procissão do Encontro que se deu junto ao Adro da Matriz, em vez de ser como outrora no largo antigo entre as ruas Benjamim Constant, Tiradentes e Guarda-Mor Custódio. A imagem de Nosso Senhor dos Passos veio pelas ruas centrais, saindo da Igreja da Saúde, acompanhada pelos homens e Nossa Senhora das Dores pela rua da Saúde e Avenida Martins da Costa, acompanhada por senhoras e meninas vestidas de branco”.
A partir do relato, é possível afirmar que, mesmo antes de 1929, a procissão já acontecia em Itabira. Padre Sudário assumiu a Paróquia Nossa Senhora do Rosário em 1925. No entanto, as igrejas de Nossa Senhora do Rosário, a Matriz do Rosário e Nossa Senhora da Saúde datam, respectivamente, de 1770 e 1848 (também a atual Matriz da Saúde teve as obras de construção concluídas neste ano). Não é absurdo supor que a Procissão do Encontro exista há, pelo menos, uns 100 anos no município.
A Procissão
Os “preparativos” para a Procissão do Encontro começaram na terça-feira, com a procissão que saiu da Igreja Matriz Nossa Senhora da Saúde levando a imagem de Nossa Senhora das Dores para a Comunidade de Nossa Senhora de Fátima. Durante todo o dia da Quarta-feira Santa, vários fiéis passaram pela igreja vivenciando momentos de orações e reza do terço.
À noite, o padre Flávio Assis presidiu a Missa e, logo após, um cortejo acompanhou a imagem de Nossa Senhora das Dores até o Santuário de São Geraldo Majela. Ao longo do percurso, os fiéis refletiram as 7 Dores de Maria: Primeira dor: a profecia de Simeão; Segunda dor: a fuga para o Egito; Terceira dor: Jesus perdido no Templo; Quarta dor: Maria encontra o seu Filho a caminho do Calvário; Quinta dor: Jesus morre na Cruz; Sexta dor: Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe; Sétima dor: dão sepultura ao Corpo de Jesus.
A procissão com a imagem de Nosso Senhor dos Passos saiu da Comunidade São Geraldo e o encontro com a Virgem das Dores aconteceu no Santuário onde os fiéis, que acompanharam as duas procissões, se reuniram para ouvir o Sermão do Encontro, realizado pelo padre Ueliton Neves.
Piedade popular
Indiferente aos registros históricos e a todos os preparativos para esta procissão, mais significativo é, sem dúvida, a importância espiritual e religiosa que a procissão imprime nos fiéis ao longo de décadas.
Acompanhar a imagem de Nossa Senhora das Dores é mergulhar no abismo imposto à mãe do Salvador. Tudo vivido em silêncio, no mais profundo do coração e da alma de Maria – que soube se entregar completamente nas mãos do Pai permitindo que, a partir dela, a profecia fosse cumprida. Em Maria se fez a Palavra de Deus, o Verbo encarnado no meio da humanidade.
Também nela se cumpriu a profecia de Simeão: “e a ti, uma espada transpassará tua alma!” (Lc 2,35).
O mesmo se dá ao acompanhar o Senhor dos Passos, Jesus rumo ao calvário. Um inocente, indesejado, rejeitado, completamente violentado na sua natureza humana e incompreendido na sua divindade.
Cada passo da Semana Santa, do Domingo de Ramos ao Domingo de Páscoa, é um chamado muito particular para a imersão no Mistério Pascal. É um convite para sair da superfície e adentrar no mais fundo deste Mistério, que é o mistério da própria fé.
Assessoria de Comunicação
Fotos da procissão estão disponíveis na página da Paróquia no facebook. Acesse: https://www.facebook.com/pnssitabira/