Ao término da Santa Missa da quinta-feira de adoração e bênção do Santíssimo, no dia 14/01, uma fiel da Comunidade Matriz Nossa Senhora da Saúde fez o seguinte comentário: “Estou encantada!” E ao final de uma rápida conversa, já que em tempos de pandemia até isso é desaconselhado, concluiu: “Mas ele tem cara de menino! Pensei que tinha uns 25 anos.”
É verdade. Nem a barba ou a máscara conseguem esconder a dita “cara de menino”. Mas falei pra ela, que é uma ativa proclamadora da Palavra na Matriz da Saúde, que ele tem 31 anos.
(Vale ressaltar que o “estou encantada” partiu de uma mãe, esposa, profissional, mulher madura que encontrou nas palavras deste “menino-sacerdote” conforto, compaixão, solidariedade. E o mais importante: se encontrou nas homilias).
Mas, quem é Padre Vinícius?
Vinícius Costa Lopes nasceu em 5 de outubro de 1989, na cidade de Governador Valadares/MG. Primogênito de Alice Cirila da Costa Lopes e Juscelino Aparecido Lopes, tem apenas uma irmã, Crislaine Costa Lopes – casada e mãe de um menino de apenas 5 meses.
Das lembranças da infância, durante nossa entrevista, os olhinhos aguçados do padre brilharam ao falar que sempre acompanhava a mãe nas novenas de Santa Rita e São José. Como morava longe do santuário de Santa Rita, em Governador Valadares, e dona Alice fazia questão de ir a pé, caminhavam cerca de duas horas para participarem da Santa Missa celebrada às 16h. Nessa época, contava apenas uns 4 ou 5 anos.
A mãe e a avó paterna foram exemplos de religiosidade na caminhada do “menino”. Aos 9 anos já era coroinha, assumindo mais tarde a coordenação deste importante serviço. Foi membro dos Vicentinos e chegou a participar dos grupos de orações. No entanto, segundo Padre Vinícius: “a liturgia foi mesmo meu ponto de entrada na Igreja”.
Aos 17 anos iniciou o processo de discernimento vocacional com os Claretianos (Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria) e também na Diocese de Governador Valadares. Participou, por cerca de 1 ano, dos encontros vocacionais promovidos pelos missionários, sendo admitido no seminário dos claretianos, na cidade de Batatais/SP, em 2007.
Concluiu o curso de filosofia, e as formações da vida religiosa no seminário claretiano, em 2009 – ano em que a trajetória do rapaz, à época com apenas 20 anos, mudou de rumo.
Com o pai nos Estados Unidos, a preocupação em ver a mãe e a irmã sozinhas em Governador Valadares mexeu com os ânimos de Vinícius, que decidiu retornar à cidade natal – sendo acolhido, então, pela Diocese de Governador.
Em 2011 seguiu para o seminário de Mariana, concluindo o curso de teologia em 2014.
Em dezembro do mesmo ano, foi ordenado diácono. E aos 25 anos, no dia 4 de julho de 2015, na Paróquia Sagrada Família, em Governador Valadares, foi ordenado padre.
Como todo bom mineiro, vale a pergunta: o que é que esse “minino” tem “di mais”?
Ele veio passar uma curta temporada na Paróquia Nossa Senhora da Saúde. Chegou no dia 1º de janeiro para auxiliar nos trabalhos da paróquia durante o período de férias do pároco, Padre Paulo Marcony. Está presidindo as missas diárias na Matriz, nas comunidades Nossa Senhora da Conceição (sábado, às 19h) e Nossa Senhora de Fátima (domingo, às 7h30). Assumiu também os atendimentos do Sacramento da Penitência (confissão) às quartas, quintas e sextas-feiras.
Quem teve a oportunidade de participar de alguma Santa Missa celebrada por ele vai entender rapidinho o que é que esse “minino” tem “di mais”! Uma capacidade nata de usar as palavras, bem como um excepcional carisma para alcançar os fiéis; o jeito fácil de acolher, a seriedade e compaixão com que consola os enlutados e, talvez sobretudo, a maneira como não se intimida em puxar com docilidade nossas orelhas.
“O gesto de Jesus tocar o leproso significa proximidade. Sem proximidade, sem o toque, nós não construímos uma caminhada cristã de fato. Nós ficamos estagnados na crueza do nosso coração. Sabe por que a gente julga demais os outros? Sabe por que a gente exclui demais as pessoas? É porque a gente se coloca numa distância do outro. Muitas vezes, a gente entende o outro como um problema, como um inimigo… Até dentro da igreja, vai criando aquelas lepras e a gente olha pro outro com olhar de julgamento, um olhar de frieza. Não querendo estabelecer proximidade, vamos cada vez mais nos distanciando. E quanto mais distantes, mais endurecido fica o nosso coração…” – Padre Vinícius (trecho da homilia em referência ao Evangelho de Mc 1,40-45)
Diz o ditado que “santo de casa não faz milagre”. Pode até ser que esse ditado sirva para algumas paróquias. Na Saúde, todo bom santo faz seus milagres, sendo ou não da nossa casa particular da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano.
Pra ver esses pequenos milagres diários, que tantos padres são capazes de realizar na caminhada de uma comunidade de fé, é preciso querer essa proximidade da qual falou Padre Vinícius. Uma proximidade capaz de conter em nós os julgamentos e as condenações. Que nos faça olhar o outro com os olhos dos irmãos em Cristo que verdadeiramente queremos ser.
Algumas das boas coisas que ouvi do Padre Vinícius, durante a nossa entrevista, foi o relato de que, como qualquer outra pessoa, ele também já viveu seus altos e baixos, não é perfeito, sabe a responsabilidade que é assumir o sacerdócio, representando o Cristo na nossa Santa Igreja.
Observando-o durante a Santa Missa, é possível ficar enlevado ao ver o cuidado que ele dedica a Jesus presente em Sangue, Corpo, Alma e Divindade na Sagrada Eucaristia. Preste atenção! Veja como ele se detém com Jesus Eucarístico nas mãos, como ele se curva, como todo o seu corpo se dobra em reverência ao Senhor. Como ele não desgruda os olhos desse Jesus na hóstia e no cálice contendo o vinho, o sangue derramado!
Não é perfeição que a maioria de nós, fiéis com o mínimo de entendimento e discernimento da Palavra, espera de um padre – porque não somos dignos de cobrar deles aquilo que não somos capazes de traduzir em nós mesmos. O que muitos esperam é apenas isso: a certeza de que a centralidade da vida de um padre é, sem dúvida, Jesus Cristo. Todo o resto, o Senhor mesmo se encarregará de cuidar, de orientar, de apascentar, fazendo do sacerdote um instrumento para a realização dos “Seus Sinais” no meio de nós!
Liliene Dante
Obs.: Padre Vinícius permanece na Paróquia Nossa Senhora da Saúde até o dia 19 de janeiro, depois segue para a Paróquia Cristo Rei em Ipatinga. Após “uma conversa” entre Dom Marco Aurélio Gubiotti e Dom Antônio Carlos Félix, o padre foi temporariamente cedido para auxiliar nas demandas dessas duas paróquias da nossa diocese – quando, então, retornará à Diocese de Governador Valadares.