Participar significa tomar parte, possuir parte de algo. Ter parte na Liturgia significa, então, participar da Obra da salvação e da glorificação de Deus por Cristo, com Cristo e em Cristo. É mergulhar na comunhão divino-humana do mistério atualizado na Liturgia.
Depois do Concílio Vaticano II se fala muito de participação ativa na Liturgia. Este enfoque perpassa toda Constituição Sacrosanctum Concilium. Infelizmente, esta participação ativa ainda não está sendo bem compreendida nem pelos bispos e padres nem pelos fiéis em geral.
O objetivo da participação, conforme o Vaticano II, é que seja frutuosa ou eficaz. Ela consiste em viver os mistérios celebrados na Liturgia e na vida. Então, para que a Liturgia seja eficaz ou frutuosa, produza frutos de conversão, de graça, de vida em Cristo, ela deverá ser consciente, ativa e plena. O que significa isso?
Participação consciente: Saber o que se celebra, ou seja, que se celebra Jesus Cristo, a obra da salvação. Trata-se aqui não só da Missa, mas de toda a Liturgia, os sacramentos e outras celebrações como o Ano litúrgico, a Liturgia das Horas, as Exéquias, as Celebrações de bênçãos. Não se pode celebrar o que não se conhece. Promover este conhecimento é função da catequese, da iniciação à vida cristã e da formação permanente. Só conhecendo, seguindo e amando Jesus Cristo, só quando Jesus Cristo é assumido como Senhor e Salvador é que podemos celebrar. Importa, pois, descobrir que é Jesus Cristo em nossa vida e deixar-se fascinar por ele. Isso não se alcança por decretos ou por imposição de obrigações.
Participação plena: – Aqui devemos distinguir dois aspectos. A participação é plena, quando participamos da celebração completa. Por exemplo, a Eucaristia: Ela é oferta de ação de graças, fazendo memória da obra da salvação em forma de ceia. Então, é preciso compreender o que seja ação de graças e, sendo Ceia do Senhor, é lógico que se participe da Sagrada Comunhão, que se coma a Ceia do Senhor. O outro sentido de participação plena significa que a participação será de corpo inteiro, com todas as faculdades e sentidos.
Participação ativa: – A expressão participação ativa, muito presente no Documento do Concílio sobre a Liturgia, não foi bem compreendida. Ativo foi restringido ao oral, à participação pela palavra. Assim, quanto mais se rezava e cantava juntos com a participação de toda a assembleia celebrante, se julgava que a participação era ativa. Esqueceu-se que as pessoas podem participar ativamente através de todas as suas faculdades, a inteligência, a vontade e o sentimento e através de todos os sentidos. Participa-se ativamente através do ouvido, da vista, do olfato, do paladar e do tato. E mesmo através do silêncio que também constitui uma linguagem eloquente. Em outras palavras, as pessoas vivem a Sagrada Liturgia, de corpo inteiro.
Cada forma de participação merecia um comentário. Aqui, apenas uma breve indicação. Temos a participação visual acompanhando, por exemplo, a procissão dos dons, acompanhando os gestos e ações do Presidente da assembleia. Na participação auditiva há espaço para o canto a mais vozes, para a escuta da Palavra de Deus em silêncio, o acompanhamento das orações presidenciais, fazendo-as suas. O olfato: o lugar do incenso, dos perfumes. O paladar: comer, beber, degustar. O tato: o abraço, o ósculo, dar as mãos, coroar, ungir, impor as mãos ser mergulhado na água.
Participação ativa inclui tudo isso. Trata-se de dar sentido aos ritos, de viver os ritos com todo o nosso ser e agir, de corpo inteiro. Rezamos, entrando em comunhão com Deus, através de todos os sentidos. Então, a participação se tornará plena e frutuosa.
Fonte: Franciscanos – Especial Gotas de Liturgia /Frei Alberto Beckhäuser