O problema não era César, mas Cristo

Imagem ilustrativa de Frei Fábio Melo Vasconcelos

Por Frei Gustavo Medella

 

A preocupação dos fariseus não era o tributo, mas colocar Jesus numa situação constrangedora. Além do mais, certamente eles tinham já sua opinião formada, afinal, julgavam-se os melhores praticantes das leis e maiores conhecedores da religião. No entanto, sua postura de empáfia e autossuficiência não lhes permitia enxergar a grande novidade apresentada por Jesus: a de um messianismo que salva e liberta pelo despojamento e não pela conquista e pelo acúmulo de poder e de dinheiro. Um paradoxo difícil de entrar na cabeça de quem se formatou a partir de uma concepção de mundo onde, necessariamente, precisa haver vencedores e vencidos, dominadores e dominados, alguns que usufruem de todas as vantagens e uma imensa maioria vivendo sempre no prejuízo.

Para quem pensa assim, ao modo fariseu, ser livre, bem-sucedido e feliz significa estar do lado de quem manda, de quem ganha, de quem ostenta e de quem julga. Para Jesus, a grande liberdade e o auge da bem-aventurança é a graça de se cultivar um coração puro e misericordioso, capaz de se compadecer e de se mostrar solidário à dor do outro, fazendo-se próximo especialmente daquele que sofre.

Difícil de entender o motivo pelo qual os ensinamentos e os testemunhos de um pobre e periférico tenha incomodado tantos “herodes” e “césares”. Enquanto estes tinham o rosto estampado em moedas, o nome exposto em placas pelas ruas e praças, Aquele não tinha sequer onde recostar a cabeça. E mesmo assim sua mensagem permaneceu, embora ainda hoje se tenha dificuldade em entendê-la a partir de sua essência. Este Deus de Jesus Cristo é mesmo desconcertante.

Fonte: Franciscanos


FREI GUSTAVO MEDELLA, OFMé o atual Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores em 2010 e foi ordenado presbítero em 2 de julho de 2011.

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