O Senhor diz hoje a cada um de vós: “Abre-te!” E isto é o mais importante: abrirmo-nos a Deus, abrirmo-nos aos irmãos, abrirmo-nos ao Evangelho e fazer dele a bússola da nossa vida: disse o Papa na Missa celebrada na manhã deste domingo em Port Moresby, em seu segundo dia de atividades em Papua Nova Guiné, no âmbito desta 45ª Viagem Apostólica Internacional. No Angelus, ao término da Missa, Francisco pediu o dom da paz para todos os povos, as nações e também para a criação.
O Papa iniciou seus compromissos este domingo (08/09) com a Santa Missa presidida no Estádio Sir John Guise, em Port Moresby, em seu segundo dia de atividades em Papua Nova Guiné, no âmbito desta sua 45ª Viagem Apostólica Internacional. Ponto alto desta visita do Santo Padre, Francisco celebrou a Eucaristia, centro e ápice da vida cristã, para esta pequena comunidade católica papuásia, uma Igreja jovem e sedenta da Palavra de Deus.
Atendo-se à liturgia deste XXIII Domingo do Tempo Comum, o Pontífice retomou na homilia o profeta Isaías 35, 4: “Tomai ânimo, não temais” e Isaías 35, 5 : “se abrirão os olhos do cego, os ouvidos do surdo ficarão a ouvir” para afirmar que essa profecia se cumpre em Jesus.
O afastamento do surdo-mudo e a proximidade de Jesus
Na narração de São Marcos, são sublinhados particularmente dois aspectos: o afastamento do surdo-mudo e a proximidade de Jesus.
Francisco desenvolveu sua reflexão em torno desses dois elementos essenciais. No primeiro, evidenciando um dos tipos de afastamento experimentado pelo surdo-mudo, frisou que ele está longe de Deus e dos homens porque não tem a possibilidade de comunicar. É surdo e, portanto, não pode ouvir os outros, é mudo e por conseguinte, não pode falar com os demais. Este homem está separado do mundo e isolado, é prisioneiro da sua surdez e da sua mudez, devido às quais não pode abrir-se aos outros para comunicar.
“Porém, podemos interpretar esta condição de surdo-mudo num outro sentido, porque pode acontecer-nos ficarmos afastados da comunhão e da amizade com Deus e os irmãos quando mais do que os ouvidos e a língua, for o nosso coração a fechar-se. Há uma surdez interior e uma mudez do coração que dependem de tudo aquilo que nos encerra em nós mesmos e impede a relação com Deus e com os outros: egoísmo, indiferença, medo de arriscar e de comprometer-se, ressentimento, ódio e a lista poderia continuar. Tudo isto nos afasta de Deus, dos irmãos, de nós mesmos e da alegria de viver.”
Deus é vencedor de todas as distâncias
Francisco prosseguiu afirmando que diante dessa distância, Deus responde com a proximidade de Jesus (segundo elemento essencial). No seu Filho, observou: Ele quer mostrar-nos, primeiramente que é o Deus próximo, compassivo, solícito com a nossa vida, vencedor de todas as distâncias.
Com a sua proximidade, Jesus cura a mudez e a surdez do homem: “quando nos sentimos distantes, ou escolhemos manter-nos à distância, de Deus, dos irmãos, daqueles que são diferentes de nós, então fechamo-nos, encerramo-nos em nós mesmos e acabamos por girar apenas em torno do nosso eu, surdos à Palavra de Deus e ao grito do próximo e por conseguinte, incapazes de falar com Deus e o próximo”.
Abrir-se a Deus, aos irmãos e ao Evangelho
Dirigindo-se diretamente aos fiéis desta grande ilha virada para o Oceano Pacífico, Francisco exortou-os a se abrirem a Deus, aos irmãos e ao Evangelho:
“Vós irmãos e irmãs, que habitais esta terra tão distante, do Pacífico, talvez tenhais a imaginação de vos encontrar separados, separados do Senhor, separados dos homens e isso não é correto, não: vós estais unidos, unidos no Espírito Santo, unidos no Senhor. Cada um de vós: “’Abre-te!’ E isto é o mais importante: abrirmo-nos a Deus, abrirmo-nos aos irmãos, abrirmo-nos ao Evangelho e fazer dele a bússola da nossa vida.”
O Santo Padre concluiu convidando-os a se abrir à alegria do Evangelho, ao encontro com Deus, ao amor dos irmãos. “Que nenhum de nós fique surdo e mudo perante este convite”, exortou-os.
Angelus: não ao rearmamento e à exploração da casa comum
Ao término da Santa Missa, que teve a participação de aproximadamente 35 mil fiéis, Francisco conduziu a oração do Angelus, confiando à Virgem Maria o caminho da Igreja em Papua Nova Guiné e nas Ilhas Salomão, fazendo por fim, uma invocação ao dom da paz para todos os povos.
“A partir desta terra abençoada pelo Criador, gostaria de invocar juntamente convosco, por intercessão de Maria Santíssima, o dom da paz para todos os povos. Em particular, peço-o para esta grande região do mundo, entre a Ásia, a Oceânia e o Oceano Pacífico, Paz! Paz para as Nações e também para a criação! Não ao rearmamento e à exploração da casa comum! Sim ao encontro entre povos e culturas, sim à harmonia do homem com as criaturas!”
Por fim, o Pontífice ressaltou que este domingo se celebra a festa litúrgica da Natividade de Nossa Senhora, dirigindo seu pensamento para o Santuário de Lourdes, na França, infelizmente atingido por uma inundação.
Raimundo de Lima – Vatican News