O Papa: a vida consagrada não pode faltar na Igreja e no mundo

Imagem: reprodução / O Papa com a comunidade do Instituto de Teologia da Vida Religiosa Claretianum (Vatican Media)

O Papa Francisco recebeu em audiência, na segunda-feira (07/11), na Sala Clementina, no Vaticano, a comunidade do Instituto de Teologia da Vida Religiosa Claretianum pelos seus cinquenta anos de fundação.

Ao receber os membros do Instituto de Teologia da Vida Religiosa Claretianum, Francisco disse que “neste meio século, são muitos e preciosos os serviços que prestaram segundo o espírito e a missão de Santo Antônio Maria Claret, que tanto trabalhou para apoiar e promover a vida consagrada em suas várias formas”. Reiterou a importância do diálogo entre jovens e idosos. “Não deixem os idosos morrerem sem sonhar”, disse o Papa.

“Neste meio século, são muitos e preciosos os serviços que prestaram segundo o espírito e a missão de Santo Antônio Maria Claret, que tanto trabalhou para apoiar e promover a vida consagrada em suas várias formas”, sublinhou o Papa em seu discurso, ressaltando que “a contribuição dos Missionários Claretianos às famílias religiosas, através do acompanhamento espiritual, do esclarecimento doutrinal e sobretudo da assessoria jurídica é conhecida em todo o mundo. Prova disso são suas publicações e revistas, algumas com mais de cem anos”.

Colocar em prática o que Santo Antônio Maria Claret tanto valorizou

Segundo o Papa, “após o Concílio Vaticano II, a fundação do Instituto Claretianum e o de Madri e, seguindo seus passos, os Centros Superiores de Manila, Bangalore, Bogotá e Abuja tiveram um resultado muito positivo”. Francisco agradeceu pela “vida e serviço” desses seis Institutos, mas também pelas iniciativas que promovem e continuam promovendo em muitos outros lugares como México, Polônia, Reino Unido e Indonésia. “A sua presença é muito visível nas Igrejas locais e nas conferências dos Superiores Maiores de todo o mundo”, sublinhou. O Papa agradeceu ao Instituto Claretianum, de modo especial, pelo “cuidado em divulgar o Magistério da Igreja, tanto dos Papas quanto dos Dicastérios mais estritamente ligados à vida consagrada”.

Neste tempo em que a Igreja quer viver sua vocação sinodal mais intensamente, tenho o prazer de notar que seu serviço à vida consagrada foi marcado pelo desejo de colocar em prática o que Santo Antônio Maria Claret tanto valorizou. Na verdade, vocês não só mantiveram a comunhão com a Sé Apostólica, com os Pastores das Igrejas particulares e com as Federações e Confederações de Superiores Maiores, mas também vocês trabalharam para compartilhar seu serviço de animação e renovação com outras vocações e ministérios eclesiais: religiosos com outros carismas, sacerdotes seculares e leigos.

O Papa encorajou os membros do Instituto Claretianum a continuarem “servindo a vida consagrada com o espírito claretiano, ou seja, com o seu ser missionário”. “A vida consagrada não pode faltar na Igreja e no mundo”, sublinhou. Segundo Francisco, o primeiro serviço dos institutos de Teologia Claretianum “deve ser oferecer-se como casas de acolhimento, louvor e ação de graças; como lugares onde os carismas são compartilhados e cresce o desejo de viver o espírito das Bem-aventuranças e do discurso escatológico”.

Neles a comunhão deve ser manifestada e devem ser incentivadas a opção pelos pobres e a solidariedade, a fraternidade sem fronteiras e a missão constantemente em saída. Com essa disposição, o dom da vida consagrada e sua missão na Igreja e no mundo serão muito apreciados.

Promover o encontro entre as gerações na vida consagrada

A seguir, o Papa disse que “hoje a vida consagrada não pode ser desencorajada pela falta de vocações ou pelo envelhecimento. Aqueles que se deixam ser tomados pelo pessimismo colocam a fé de lado. É o Senhor da história que nos sustenta e nos convida à fidelidade e fecundidade”. Cuida, “olha com misericórdia e benevolência o seu trabalho e continua enviando o seu Espírito Santo. Quanto mais nos aproximamos da vida religiosa através da Palavra de Deus e da história e criatividade dos Fundadores, mais somos capazes de viver o futuro com esperança. A vida religiosa é entendida apenas pelo que o Espírito faz em cada uma das pessoas chamadas”. Francisco convidou a “remover o espírito de derrota, o espírito de pessimismo, pois isso não é cristão. Não é cristão”. Convidou também a cuidar com atenção da vida comunitária numa época marcada pelo individualismo, “a viver a interculturalidade como caminho de fraternidade e missão, e a promover o encontro entre as gerações na vida consagrada, na Igreja e na sociedade“. A este propósito sublinhou a importância do encontro entre as diferentes gerações:

Os jovens precisam se encontrar com os idosos, eles devem falar, e os idosos precisam fazer isso com os jovens. Olhar para frente, a profecia de Joel, tão bonita! Com este diálogo, com o espírito, os idosos sonharão e os jovens farão profecias: serão capazes de ir adiante, com o sonho dos idosos. Por favor, não deixem os idosos morrerem sem sonhar: isso faz parte de uma missão. O encontro será realizado pelos jovens. Que seus jovens procurem os idosos e os idosos os jovens.

A seguir, o Papa disse que numa época, depois do Concílio, houve a mentalidade de reestruturar as coisas, e algumas congregações mandaram os idosos para um asilo. “Por favor, isso é criminoso! Penso num caso concreto: religiosas idosas que trabalharam bem, depois de dois meses no asilo foram para o outro mundo. De nostalgia, de tristeza! Os idosos devem morrer sonhando e os que fazem os idosos sonharem são os jovens, que devem tomar o lugar dos idosos. Não se esqueçam disso: deixe-os falar”, frisou o Pontífice.

Francisco disse que as pessoas consagradas “receberam o imenso dom de participar da pobreza de Jesus” que é a pobreza que “liberta e torna felizes”, e as convidou a não se esquecerem daqueles que vivem a pobreza que “humilha e mata”. “Que vocês possam fazer a vida triunfar sobre a morte e a dignidade sobre a injustiça, pois para realmente encontrar Cristo, é necessário tocar seu corpo no corpo ferido dos pobres, confirmando a comunhão sacramental recebida na Eucaristia”, concluiu.


Mariangela Jaguraba – Vatican News

 

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