Por Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre e vice-presidente da CNBB
Viver é ser, e ser significa existir. A existência se manifesta no que fazemos. O viver a vida se expressa no que realizamos.
O viver se manifesta numa forma de vida acolhida. Isto podemos denominar “vocação”.
Jovens se sentem confrontados com a necessidade de assumir uma forma de vida. Demonstram o desejo de promover relações humanas e sociais que correspondam às suas necessidades interiores.
Atentos à realidade eclesial e social das juventudes, a Igreja do Brasil está promovendo, durante o ano de 2023, um “Ano Vocacional”.
Seu objetivo é promover a cultura vocacional nos vários espaços de convivência, a fim de despertar a necessidade de refletir e dialogar sobre o tema das vocações no seu sentido mais profundo e mais amplo, no âmbito pessoal e comunitário. Urge transformar as sombras de um ‘mundo fechado’ em um ‘mundo aberto’, onde a solidariedade, o diálogo e o amor sejam uma constante. Ao mesmo tempo se faz necessário “responder ao chamado ou ao compromisso de viver e ensinar o valor do respeito, o amor capaz de aceitar as várias diferenças, a prioridade da dignidade de todo ser humano sobre quaisquer ideias, sentimentos, atividades e até pecados que possa ter. Somos convidados a gerar processos de encontro, processos de paz” (Papa Francisco). Isto é vocação em seu sentido amplo.
Vocação é diferente de profissão. Profissão pressupõe técnica, competência, eficiência produtiva, função social, reconhecimento externo. Vocação requer escuta do próprio coração, para conhecer bem na direção de qual estrada ele o atrai. A vocação se realiza no presente, orientada para um futuro. Da profissão nos aposentamos! Já a vocação perpassa todas as fases da existência.
Todos desejamos uma vida com sentido! Projetos e sonhos se sustentam a partir de um horizonte de vida sólido! Perceber qual caminho de vida vem de encontro às tendências, dotes e mesmo necessidades pessoais requer atenção. Cooperar para que nossos adolescentes e jovens, com liberdade e responsabilidade, possam, respeitando as etapas da própria vida, contar com espaços, tempos, pessoas aptas a lhes acompanhar no processo de discernimento vocacional, é o objetivo maior deste Ano Vocacional.
Fonte: Franciscanos