Festas juninas, expressões vivas de alegria, amizade social e convivialidade fraterna

Imagem de Eduardo dudu por Pixabay

Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

 

O ciclo Pós-Pentecostes apresenta uma variada galeria de Santos populares, que geraram em torno a sua proximidade e intercessão com os fiéis festas e costumes que integram e valorizam as comunidades. Já Harvey Cox tinha estudado nas festas do medievo a sua importância social de coesão, esperança, e porque não dizer de verdadeira cura e reconciliação para o povo mais humilde.  

Surge assim um rico e variado folclore registrado pela antropologia religiosa que dá destaque a dádiva, gratuidade, acolhida e convívio fraterno. Basta dizer o número de feriados religiosos que haviam para tomar conhecimento de que longe de serem povos submetidos ao medo e a tristeza denotavam alegria de viver, compartilhamento e um senso de solidariedade comunitária muito apurado.  

Hoje pode-se afirmar que embora tenha-se perdido um pouco da religiosidade vertical e marcante em todas as atividades, o espírito do que Yung chamara inconsciente religioso coletivo e para nós memória e patrimônio cultural-celebrativo que constitui a alma de um povo, tem raízes firmes e profundas em várias regiões dos nossos municípios do interior e na nossa cidade. 

Especialmente as festas juninas acontecem espontaneamente organizadas por pessoas das comunidades que reavivam tradições vivas nunca esquecidas que guardam um verdadeiro tesouro simbólico que resiste o tempo e descortina sempre o mistério de Deus, da vida e da própria condição humana.  

Num tempo de incertezas e de um individualismo centrífugo, revisitar e participar destas festas não só  nos desperta lembranças e recordações esplêndidas, mas significam como uma lufada de liberdade interior e senso familiar e comunitário que nos humaniza e nos faz retomar a inocência das coisas belas de inestimável valor.  

Precisamos mais de festas, de convivência social para retecer e curar os relacionamentos calcificados pelo ódio, a desavença e a polarização de todo tipo. O cristão é um ser festivo, porque sonha e tem no coração a esperança que não decepciona, e que dá sentido a história dando-lhe um horizonte de eternidade, Cristo a Alegria dos homens e de todas as criaturas. Louvado seja Deus! 

Fonte: CNBB

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