Festa: expressão da liberdade do Reino

Imagem ilustrativa de Frei Fábio Melo Vasconcelos

Por Frei Gustavo Medella

 

De casamento, aniversário, formatura, inauguração, despedida, do santo padroeiro etc. Com as despesas pagas pelo anfitrião, com a divisão dos custos pelos convidados (a popular “vaquinha”), improvisada num rápido “junta prato”. Festa é ocasião do encontro pelo encontro, da alegria de estar juntos, de tornar presente e evidente o fato ou a memória para onde converge a alegria daqueles que ali convivem com entusiasmo. Melhor festa é a que se vai por gosto e gratidão, gratuitamente. Festa por obrigação perde a graça, tanto para quem oferece quanto para aquele que dela participa.

Na parábola deste 28º Domingo do Tempo Comum (Mt 22,1-14), Jesus compara o Reino de Deus a uma festa, preparada solenemente pelo rei. No entanto, os convidados não se sentiram atraídos o bastante pelo convite e antepuseram o “não querer” e alguns compromissos para não marcarem presença no evento. Outros ainda agiram com violência e, além da recusa, decidiram matar os emissários reais. Perderam a festa e ganharam a ira do rei que, furioso, mandou estes últimos fossem capturados e tratados com violência proporcional à que praticaram.

Em seguida, promoveu uma nova rodada de convites, desta vez abertos a todos que fossem encontrados pelo caminho. Conseguiu encher o salão e a festa ocorreu. No entanto, mais um incidente: um dos convidados, sem a veste adequada, foi expulso do recinto pelo próprio rei.

História movimentada, cheia de altos e baixos, não tão fácil de se compreender. Por que Jesus se utiliza da imagem de um rei que age com violência diante da injustiça cometida contra seus mensageiros? O desejo do mestre era apresentar justamente uma imagem forte e impactante para que seus interlocutores (sumos sacerdotes e anciãos) encontrassem o próprio lugar na história e, caindo em si, pudessem abraçar uma nova postura, reconhecendo em Jesus a realização plena da Aliança entre Deus e seu Povo.

Jesus apresenta uma noção aberta e universal do Reino, acessível a todos por conta de generosidade do Pai. Dizer não ao convite ou privilegiar outros valores está no âmbito da liberdade humana. Quanto à veste que o convidado de última hora não portava adequada, escreve São Gregório Magno: “Portanto, o que devemos entender por veste nupcial, senão a caridade? Entra, pois, nas bodas, mas não leva a veste nupcial, aquele que pertencendo à Igreja Católica [entenda-se Povo de Deus] tem fé, mas lhe falta a caridade” (Sermão sobre os evangelhos 38).

Fonte: Franciscanos

 


FREI GUSTAVO MEDELLA, OFMé o atual Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores em 2010 e foi ordenado presbítero em 2 de julho de 2011.

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