“Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem” (Mt 13,16)

Foto: Caro Mendoza / Cathopic

Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)

 

Em 2016, o Papa Francisco escreveu uma exortação apostólica pós- sinodal sobre a família. Amoris Laetitia é uma carta de encorajamento, atualização e de esperança para a família em tempos de crise institucional e agora, mais precisamente, alarmante crise humanitária provocada pelo coronavírus. A instituição Família, por maior que seja a crise, sempre será indispensável para a humanidade. Afinal, nascemos, crescemos e declinamos na vida em família. Em todos os tempos surgem novas atitudes, cultura, costumes, mas sua existência é vital para uma humanidade saudável, ética, fraterna e solidária.

“Tudo o que foi dito não é suficiente para exprimir o Evangelho do matrimônio e da família, se não nos detivermos particularmente a falar do amor”! (AL, n. 89). O Papa Francisco dá a dica. Sem amor, nenhuma família, nenhum sacramento, nenhuma civilização humana conseguirá sobreviver. Temos um início e um fim neste mundo. Nascemos, vivemos por um tempo e deixamos este mundo.

No dia 26 de julho, festa de Santa Ana e São Joaquim, os pais de Nossa Senhora, comemoramos o dia dos avós. Eles são os avós de Jesus. Como sinal de reconhecimento da importância dos avós, a Igreja chega aos lares de tantas pessoas idosas, oferecendo um tratamento especial com cuidado repleto de ternura e presença solidária atendendo os idosos e idosas. É a pastoral da Pessoa Idosa. Que a temática do cuidado e do acolhimento seja a marca registrada em nossas ações pastorais em toda a ação evangelizadora da Arquidiocese.

Os avós, em muitas situações são as colunas de sustentação, de equilíbrio numa família. Não desprezemos aquelas pessoas que deram o sustento, a educação, a fé, a proteção o equilíbrio na realidade familiar.

Uma das atitudes que nunca poderá faltar numa família é o diálogo. Ouvir os avós, ouvir os filhos, ouvir os netos, dar tempo para a escuta, saber de onde viemos, como fomos educados, como chegamos a um equilíbrio humano, social, econômico, religioso e cultural é indispensável. “Reservar tempo, tempo de qualidade, que permita escutar, com paciência e atenção, até que o outro tenha manifestado tudo o que precisava comunicar. Isto requer a ascese de não começar a falar antes do momento apropriado” (AL n.137). Esta advertência do Papa Francisco é necessária na saudável convivência familiar. Aprender a ouvir, aprender a ter paciência, saber dar tempo, ser fraterno, eis o segredo do verdadeiro amor familiar. Muitas vezes nos deparamos com famílias onde os pais, avos estão envelhecidos e repetem muitos assuntos. Faz parte do aprendizado no trato do cuidado e da paciência histórica para que os velhinhos não se sintam abandonados, esquecidos e ignorados. É um gesto de fé e de atitude cristã.

Portanto, saber ouvir, saber dialogar, saber ter paciência, escutar as mesmas histórias, fazem parte da conjuntura de uma família humilde, sincera, cristã e autêntica.

Outra atitude que amadurece uma família é a espiritualidade. Os avós aprenderam um jeito de rezar e levar a sério a vida eclesial, a religião. Eles têm muito a ensinar neste tempo de agitação e quebra de valores religiosos. A constância na vida de oração nos ensina o quanto é importante cultivar a tradição religiosa que equilibra as relações familiares. “Não me rejeite no tempo da velhice, não me abandones quando diminuírem minhas forças” (Sl 71/70,9) é tantas vezes o grito de idosos abandonados e esquecidos no agito de uma família mal estruturada.

Peçamos a Sagrada Família Jesus, Maria e José que inspire as nossas famílias a sermos humildes, pessoas de fé e de esperança e construamos ótimas relações familiares em benefício de uma igreja missionária para acolher e cuidar de todas as pessoas e de todas as famílias no mundo atual.

CNBB

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