Por Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Fé tem significado de confiança absoluta em algo concreto. Para os cristãos, esse algo se refere a Deus, tornado presença de luz na Pessoa de Jesus Cristo. Mas existem também aqueles que têm fé em Deus ser ter a prática de vida cristã. Entre os povos do oriente, muitos não reconhecem a divindade de Jesus Cristo, como Filho de Deus, mas não deixam de cultuar a divindade do Deus da vida.
Dizemos que a fé é um dom de Deus, a primeira virtude teológica, ao lado da esperança e da caridade, recebida por tradição e transmitida por diversas gerações, principalmente pelas famílias formadas a partir dos princípios da Palavra de Deus. Assim podemos dizer que os pais cristãos foram os guardiões da fé e desejosos de que seus filhos a façam repercutir no mundo pela própria vida.
Quando lemos o livro dos Atos dos Apóstolos, damos conta de que a fé do Antigo Testamento vai tomando corpo no meio dos cristãos. Agora não é apenas a ideia do Deus-Javé, mas a realidade-acontecimento de Jesus Cristo. As primeiras comunidades, entre os convertidos, foram entendendo as propostas apresentadas por Jesus e pelos Apóstolos e crescia o número dos que se tornavam cristãos.
A fé fazia com que o Deus invisível se tornasse visível na Pessoa e na ação de Jesus Cristo. Era uma verdadeira experiência de fé, iluminada pelo Espírito Santo, onde os cristãos eram marcados por uma profunda esperança e agiam para dar razão dessa esperança na prática da caridade. Hoje não deve ser diferente, talvez mais exigente e comprometedor diante dos inúmeros desafios da cultura.
A esperança, que fortalece a fé, não significa passividade e nem conformidade com as realidades do momento, mas motivadora e impulso corajoso na construção dos valores concretos para adquirir verdadeira confiança num futuro promissor. Então, a fé se manifesta na conduta existencial da vida humana e na constante busca de novos caminhos para a realização do bem na humanidade.
Fazer opção pela vida de fé não é ficar apenas em ideias, mas realizar ações determinadas contra as forças da mentira e das maldades que tentam, a todo custo, dominar o mundo. Na verdade, é opção de sabedoria divina, de luta para vivenciar o caminho marcado pela verdade e pela justiça, que move a pessoa para praticar a caridade evangélica proposta por Jesus Cristo.
Fonte: CNBB