“Bem-aventurados os que têm fome e sede, porque serão saciados”

Uma das turmas de catequizandos, após a celebração do Sacramento da Eucaristia, com o Padre Paulo Marcony e catequista responsável - Foto: Pascom

O Evangelho das bem-aventuranças não trata diretamente do banquete ao qual todos são convidados a participar. Mas é sentando à mesa com o Senhor, comendo e bebendo com Ele que as bem-aventuranças começam a fazer sentido dentro de cada um de nós.

 

Veja bem: os bem-aventurados dos quais fala Jesus são os pobres, os aflitos, os mansos, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos por causa da justiça, os que são injuriados e os que têm fome e sede… de justiça. (cf. Mt 5,1-12ª)

Agora, reflita comigo: quem é realmente justo?

(Imagino que concordemos numa coisa: apenas Deus é verdadeiramente bom; e apenas Deus é verdadeiramente justo).

À mesa com o Senhor

A nossa primeira noção real do que deve ser a justiça está no altar. Todos, sem distinção, são convidados a participar da ceia e a comer e beber do Cordeiro imolado; a aliança definitiva com o Pai que está nos céus e dos céus nos cobra justiça.

O primeiro passo que damos como cristãos, rumo à tão sonhada justiça, está no batismo: nos tornamos parte da comunidade de fé, do povo de Deus – eleitos.

O segundo passo é mais emblemático, sobretudo para aqueles que ainda têm muitas perguntas, dúvidas e anseios, como as nossas crianças, pré-adolescentes e adolescentes.

Mas é o próprio Jesus quem nos alerta: “Deixai as crianças e não as impeçais de vir a mim” (Mt 20,14). Todos são convidados para se aproximarem do Senhor, sentarem-se à mesa e se alimentarem do Pão da Vida.

Turma de catequizandos, após a celebração do Sacramento da Eucaristia, com o Padre Paulo Marcony e catequista responsável – Foto: Pascom

É este segundo passo, embora cada um tenha seu tempo para assimilá-lo, que nos conduz ao êxtase de estar com Cristo e de Cristo estar em nós – não simplesmente conosco, mas literalmente dentro de nós.

Por isso, a Santa Igreja Católica, com todo o povo de Deus reunido, celebra o Sacramento da Eucaristia.

Turma de catequizandos, após a celebração do Sacramento da Eucaristia, com o Padre Paulo Marcony e catequista responsável – Foto: Pascom

Todos os Santos e a Celebração da Primeira Comunhão

Não poderia ser mais adequado a celebração do Sacramento da Eucaristia do que no dia de Todos os Santos (06/11). Este é outro convite, intimamente relacionado à justiça, que Jesus nos faz: que sejamos santos como Ele é Santo.

A Eucaristia bem vivida nos conduz à santidade – porque é o Cristo, além do Espírito Santo, que passa a residir em nós. E com tanta perfeição fazendo morada em nossos interiores, nossa chance de errar e de sermos injustos é bem menor…

40 pré-adolescentes e adolescentes celebraram no domingo, 06/11, o sacramento da Primeira Eucaristia. Uma Igreja lotada de pais, parentes, amigos, fiéis.

É preciso dizer que estes 40 carregam algumas marcas, sobretudo a da perseverança. Não foi fácil atravessar dois anos de pandemia tendo que participar da catequese de forma on-line. Não foi fácil compreender as “demandas” do que é ser cristão católico em plena pandemia – quando, por exemplo, os preceitos de ir à missa aos domingos e solenidades/festas foram “recolhidos”.

Como compreender a fé vivida em comunidade se você só a experimenta pela tela do computador ou celular?

Foram tempos difíceis que exigiram de catequistas, catequizandos, pais e mães um perseverar na fé e no compromisso.

Padre Paulo Marcony com as catequistas da Comunidade Matriz Nossa Senhora da Saúde – Foto: Pascom

“O grande desafio foi fazê-los entender que a catequese é uma caminhada e não apenas a busca de um sacramento; que a vivência eucarística é o que deve acompanhá-los e motivá-los daqui pra frente” – afirma Maria da Conceição Nogueira Mendes, catequista na Comunidade Matriz e Coordenadora Paroquial da Catequese.

Superando as dificuldades, cá eles estiveram, na Matriz Nossa Senhora da Saúde, neste Domingo do Senhor, trajando vestes brancas para ouvir a proclamação de umas das passagens mais lindas do Livro do Apocalipse: “O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus para sempre” (Ap 7,12).

Turma de catequizandos, após a celebração do Sacramento da Eucaristia, com o Padre Paulo Marcony e catequista responsável – Foto: Pascom

Quem sou?

Cada um de nós está gravado no coração de Deus. Antes de sermos aqui já existíamos em seus planos. Então, Ele nos reconhece, apesar de. Ele nos sabe, apesar de. Mas é lindo quando o Senhor nos chama pelo nome.

É assim que cada um é convidado para participar do banquete. Após o batismo, somos chamados pelo nome – para nos alegrarmos, nos compadecermos, nos emocionarmos, nos rejubilarmos com o Cristo Ressuscitado, presença real em Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Sagrada Eucaristia.

Foram 40 catequizandos a dividir conosco, pela primeira vez, esta mesa farta de amor e de justiça. Pelo nome, chamamos dois deles para uma conversa: Lucas Diniz Pacheco Linhares, de 12 anos, e Lívia dos Anjos Gomes Duarte, de 15 anos.

Lucas e Lívia durante a Santa Missa – Foto: Pascom

Os dois começaram a caminhada da catequese, composta de 5 etapas e com um encontro semanal, antes da pandemia. Não se afastaram nos tempos difíceis. Quando alguns sumiram, volto a dizer, eles perseveraram. Agora, começam a colher o grande fruto desta caminhada que teve como lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26).

Lucas no momento da comunhão e ao final da Santa Missa com a mãe, Gisele Diniz, e o Padre Paulo Marcony – Foto: Pascom

Um tanto cercado pela conhecida timidez da idade, Lucas reflete: “Eu achei boa a catequese. Eles ensinaram muitas coisas que eu não sabia (se referindo à parte litúrgica da Celebração Eucarística). A hóstia é o próprio Cristo que desce (dos céus)”.

A análise pode parecer simplória para alguns adultos. Mas a beleza da justiça – o todos são convidados – está aí. Quantos creem realmente que a Sagrada Eucaristia é o “Cristo que desce”? Na resposta de Lucas está também a sua profissão de fé, outras compreensões virão com a vivência eucarística.

Lívia no momento da comunhão e com a mãe, Kelayne dos Anjos Gomes Oliveira – Foto: Pascom

Lívia, por outro lado, ao ouvir na catequese sobre a vida e história de Jesus, ficou impactada por algumas das características do Mestre. Segundo ela, o que mais chama a atenção em Cristo é o seu “carinho, como Ele não guarda rancor e sempre perdoa a todos”.

É sempre um privilégio ouvir o que as crianças/adolescentes têm a dizer. A falta de filtros e a sinceridade nos obrigam a refletir e até a remexer/questionar nossas convicções.

Saio alimentada com a imagem do Cristo descendo. É uma imagem tão linda que é provável que a cada Santa Missa, no momento da consagração, eu “veja o Cristo descer”. E mais um tantinho à frente, seguirei refletindo sobre o “Ele sempre perdoa” das palavras da Lívia – porque perdoar está no grupo dos grandes desafios. (Assim como a justiça).

Das palavras que cada catequizado deve levar consigo

“Se nós permanecermos com Cristo, Cristo permanece conosco. Que vocês possam buscar constantemente Aquele que é digno de toda honra e glória. Seja na adoração, seja na Santa Missa. Que vocês mantenham sempre o desejo de ir ao encontro de Jesus Eucarístico. Que Ele sempre os conduza e os guie no caminho das bem-aventuranças que levam à santidade” – Padre Paulo Marcony ao se dirigir aos catequizandos durante a homilia.

Que assim seja! Amém!

Liliene Dante

 

*Fotos da Santa Missa da Solenidade de Todos os Santos e da Celebração do Sacramento da Eucaristia estão disponíveis na página da Paróquia no Facebook. Acesse aqui.

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