“Ele é o Povo de Deus: Deus não pertence, como propriedade, a nenhum povo. Mas adquiriu para si um povo dentre os que outrora não eram um povo: “Uma raça eleita, um sacerdócio régio, uma nação santa” (1Pd 2,9). Se rezamos “Pai-Nosso” se cumpre a promessa da nova e eterna Aliança em Cristo: nós nos tornamos seu Povo e Ele é, doravante, “nosso” Deus.”
“O Capítulo primeiro e segundo da Lumen Gentium nos fala das diversas imagens da Igreja. Falamos ainda da imagem da igreja como Povo de Deus. No número 9 da LG diz assim: “… aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente. Escolheu, por isso, a nação israelita para Seu povo. Com ele estabeleceu uma aliança; a ele instruiu gradualmente, manifestando-Se a Si mesmo e ao desígnio da própria vontade na sua história, e santificando-o para Si. Mas todas estas coisas aconteceram como preparação e figura da nova e perfeita Aliança que em Cristo havia de ser estabelecida e da revelação mais completa que seria transmitida pelo próprio Verbo de Deus feito carne. Eis que virão dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança… Porei a minha lei nas suas entranhas e a escreverei nos seus corações e serei o seu Deus e eles serão o meu povo… Todos me conhecerão desde o mais pequeno ao maior, diz o Senhor (Jer. 31, 31-34). Esta nova aliança instituiu-a Cristo, o novo testamento no Seu sangue (cfr. 1 Cor. 11,25), chamando o Seu povo de entre os judeus e os gentios, para formar um todo, não segundo a carne, mas no Espírito e tornar-se o Povo de Deus”.
O Catecismo da Igreja Católica, referendando a LG, aponta diversas características desse Novo Povo de Deus, como imagem da Igreja de Cristo. O Povo de Deus tem características que o distinguem nitidamente de todos os agrupamentos religiosos, étnicos, políticos ou culturais da história. Vejamos essas particularidades (CIC 782-786):
- Ele é o Povo de Deus: Deus não pertence, como propriedade, a nenhum povo. Mas adquiriu para si um povo dentre os que outrora não eram um povo: “Uma raça eleita, um sacerdócio régio, uma nação santa” (1Pd 2,9). Se rezamos “Pai-Nosso” se cumpre a promessa da nova e eterna Aliança em Cristo: nós nos tornamos seu Povo e Ele é, doravante, “nosso” Deus.
- A pessoa torna-se membro deste povo não pelo nascimento físico, mas pelo “nascimento do alto”, “da água e do Espírito” (Jo 3,3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Batismo. “Das fontes batismais nasce o único povo de Deus da nova aliança, que supera todos os limites naturais ou humanos das nações, das culturas, das raças e dos sexos” (CIC 1267).
- Este povo tem por Chefe (Cabeça) Jesus Cristo (Ungido, Messias); pelo fato de a mesma Unção, o Espírito Santo, fluir da Cabeça para o Corpo, ele é “o Povo messiânico”. Cristo é a Igreja, eis, portanto, o “Cristo total” (“Christus totus“). A Igreja é una com Cristo (CIC 695).
- A condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos corações deles, como em um templo, reside o Espírito Santo. “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Nele comungamos da “verdade que nos torna livres”. O Espírito Santo nos foi dado e, como ensina o apóstolo, “onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2 Cor 3,17). Desde agora participamos da “liberdade da glória dos filhos de Deus” (CIC 1741)
- “Sua lei é o mandamento novo de amar como Cristo mesmo nos amou[a87]”. É a lei “nova” do Espírito Santo. Nova Lei é também denominada lei de amor, porque ela leva a agir pelo amor infundido pelo Espírito Santo e não pelo temor; uma lei de graça, por conferir a força da graça para agir por meio da fé e dos sacramentos (CIC 1972)
- Sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo. “Ele constitui para todo o gênero humano o mais forte germe de unidade, esperança e salvação”. Esse Povo tem um Tríplice Munus recebido no batismo: Jesus Cristo é aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e que constituiu “Sacerdote, Profeta e Rei”. O Povo de Deus inteiro participa dessas três funções de Cristo e assume as responsabilidades de missão e de serviço que daí decorrem.
- A meta desse povo é “o Reino de Deus, iniciado na terra por Deus mesmo, Reino a ser estendido mais e mais, até que, no fim dos tempos, seja consumado por Deus mesmo”.
Fonte: Vatican News – Jackson Erpen