Toda a existência cristã é caracterizada pelo Advento-Vinda, o que vale dizer que somos peregrinos na história, a caminho da pátria definitiva. O Senhor permanentemente vem ao nosso encontro, caminha conosco e mantém viva a nossa esperança.
O Advento manifesta os dois aspectos da vinda do Senhor: nas duas primeiras semanas, o “Advento escatológico”, ou seja, sua vinda definitiva, e, nas duas últimas semanas, o “Advento Natalício”, sua primeira vinda, o Natal. “Abre as portas, deixa entrar o Rei da glória. É o tempo, ele vem orientar a nossa história”.
Com o profeta Isaías e com João Batista, acolhemos o apelo à conversão para que sejam superadas todas as formas de dominação, exclusão e miséria, para que se realize uma sociedade com liberdade e dignidade para todos. Com Maria, vivemos a alegria e a confiança. “A Virgem, Mãe será, um Filho, à luz dará. Seu nome, Emanuel: conosco Deus do céu; o mal desprezará, o bem acolherá”.
Com atenta vigilância, alegre expectativa e renovada esperança, vivamos o Tempo do Advento retomando o seguimento de Jesus, tornando-nos, como ele, discípulos missionários da vida e da paz, fazendo crescer em nós e em nossas comunidades a certeza de que ele continua vindo através de nós.
A esperança pessoal, coletiva e cósmica
Seríamos muito pobres se reduzíssemos o Advento, simplesmente, a um tempo de preparação para a festa do Natal. O Advento, tempo de espera, é baseado na expectativa do Reino e a nossa atitude básica é acender e renovar em nós esse desejo e esse ânimo. Num tempo marcado pelo consumo, é preciso que afirmemos profeticamente a esperança.
No âmbito pessoal, intensificando o desejo do coração e retomando o sentido da vida. Mas as esperanças são também coletivas: é o sonho do povo por justiça e paz – “fundir suas espadas, para fazer bicos de arado, fundir suas lanças, para delas fazer foices” (Is 2,4). As esperanças são também cósmicas: “A criação geme e sofre em dores de parto até agora e nós também gememos em nosso íntimo esperando a libertação” (Rm 8, 18-23).
“O melhor da festa é esperar por ela”, diz um ditado popular. Do ponto de vista humano, a espera e a preparação de um acontecimento são tão importantes quanto o evento. Daí a necessidade de fazermos uma avaliação do que significa e de como vivenciamos o tempo do Advento em nossas comunidades. Que importância damos ao tempo do Advento?
“Deixem o Advento ser Advento”
“Atualmente, muitas comunidades eclesiais, influenciadas pela onda consumista por ocasião das festas natalinas e de final de ano, estão assumindo o costume de enfeitar suas igrejas já bem antes do Natal chegar. Em pleno tempo do Advento já ornamentam suas igrejas com flores, pisca-pisca, árvores de Natal e outros motivos natalinos, como se já fosse Natal. Não sejam tão apressadas, Não entrem na onda dos símbolos consumistas da nossa sociedade. Evitem enfeitar a igreja com motivos natalinos durante o Advento. Deixem o Advento ser Advento e o Natal ser Natal” . (5)
É preciso tomar cuidado de não abortar o Advento ou celebrá-lo superficialmente. Esse cuidado nos levará a não antecipar o Natal, fazendo celebrações natalinas antes do previsto, ou usando ritos e sinais próprios da festa. Mas também não podemos celebrar o Advento como se Cristo ainda não tivesse nascido. A longa noite da espera terminou. O mundo já foi redimido, embora a história da salvação continue…
Fonte: Franciscanos – especial Advento
(4) COLOMBO, Dom Sérgio Aparecido, PNE – QVJ, nº 42, Roteiros Homiléticos, CNBB, 2007, p.5-8.
(5) SILVA, Frei José Ariovaldo da, Mundo e Missão, dezembro 2004