Os pais de Maria, que a Igreja recorda em 26 de julho, “acompanham” a 37ª viagem apostólica de Francisco. O povo canadense é muito ligado, em particular, à mãe da Virgem e hoje o Papa, por volta da meia-noite, hora italiana, participará da peregrinação, ao Lago de Santa Ana, no norte de Alberta, que os católicos vêm fazendo desde o final do século XIX. Este lugar, onde uma missão católica nasceu, em 1842, é conhecido pelos indígenas como um lugar de cura.
Amedeo Lomonaco e Tiziana Campisi
A Igreja recorda, neste 26 de julho, os Santos Joaquim e Ana. Não há referências a eles na Bíblia. Algumas informações são retiradas de textos apócrifos. O Papa os celebra hoje, no Canadá, onde a devoção a Santa Ana é muito difundida, em Edmonton, na missa no “Commonwealth Stadium”. À tarde, o Pontífice participa da tradicional peregrinação das comunidades indígenas em Lac Ste Anne, a cerca de 72 quilômetros de Edmonton. A peregrinação, dedicada à mãe de Maria, é um dos mais importantes encontros espirituais para os fiéis da América do Norte e o Papa em abril passado, no Vaticano, recebendo as delegações dos povos indígenas, expressou claramente o desejo de estar ali com eles.
“Me dá alegria, por exemplo, pensar na veneração a Santa Ana, avó de Jesus, que se difundiu entre muitos de vocês. Este ano, eu gostaria de estar com vocês, naqueles dias. Hoje, precisamos reconstruir uma aliança entre avós e netos, entre idosos e jovens, premissa fundamental para uma maior unidade da comunidade humana.”
A devoção a Santa Ana no Canadá
Ana e Joaquim era um casal de Jerusalém. Ele pertencia à descendência de Davi. A tão desejada prole vem para eles após vinte anos de matrimônio e orações incessantes a Deus que os torna pais de Maria, mãe de Jesus. Ana instrui a filha e transmite a ela as artes da casa, Joaquim, em vez disso, cuida amorosamente das necessidades da família. Eles já eram venerados no primeiro século. Os canadenses são particularmente ligados à mãe da Virgem. Igrejas, escolas e localidades são dedicadas a Santa Ana. Celebrada pela Igreja em 26 de julho, foram os missionários que a tornaram conhecida aos povos indígenas que, organizados em pequenos grupos, costumavam se reunir como tribos para discutir questões no verão, após a estação da pesca na primavera ao longo das costas e rios. Foi a ocasião, também para cerimônias e festas, em que os sacerdotes franceses encontraram a oportunidade de introduzir os nativos ao cristianismo, entrelaçando a história de Santa Ana com as crenças populares tradicionais em que as mulheres desempenhavam um papel importante. Assim, a avó de Jesus tornou-se a protetora das populações canadenses e, em 1628, a primeira capela dedicada a ela foi construída em Cap Breton. O culto se espalhou e chegou até às águas de um lago, em Alberta, chamado de Lago de Deus ou Lago do Espírito. Aqui, os Oblatos de Maria Imaculada fundaram uma missão e em 1889 organizaram a primeira peregrinação em homenagem a Santa Ana que deu um novo nome ao lago. O local se tornou um lugar de oração e lugar de encontros espirituais e por sua importância social e cultural desde 2004 foi declarado um Sítio Histórico Nacional do Canadá.
A oração dos idosos
O Evangelho “vem ao nosso encontro com uma imagem muito bonita e encorajadora” dos avós de Jesus. O Papa Francisco lembrou isso na Audiência Geral de 11 de março de 2014. O Evangelho diz “que eles esperavam a vinda de Deus todos os dias, com grande fidelidade, por longos anos. Eles realmente queriam ver aquele dia, para pegar seus sinais, para sentir o seu início. “Quando Maria e José foram ao templo para cumprir as medidas da Lei, Simeão e Ana se emocionaram, animados pelo Espírito Santo. O peso da idade e da espera desapareceu em um momento. Eles reconheceram o Menino, e descobriram uma nova força, para uma nova tarefa: agradecer e testemunhar por este Sinal de Deus. Simeão improvisou um belo hino de júbilo (cf. Lc 2:29-32) – ele foi um poeta naquele momento – e Ana tornou-se a primeira pregadora de Jesus”. O Papa Francisco nos exorta a seguir na esteira “desses idosos extraordinários”: “A oração dos idosos” – disse ele – “e dos avós é um presente para a Igreja, é uma riqueza! Uma grande injeção de sabedoria também para toda a sociedade humana: especialmente para aquela que está muito atarefada, muito ocupada, muito distraída”.
Os avós e a transmissão da fé
Um valor fundamental também está ligado aos avós de Jesus: o “valor precioso da família como um lugar privilegiado para transmitir a fé”. “Os Santos Joaquim e Ana” – explicou o Papa no Angelus de 26 de julho de 2013 – “fazem parte de uma longa cadeia que transmitiu a fé e o amor por Deus, no calor da família, até a Maria que recebeu o Filho de Deus em seu ventre e o entregou ao mundo, o doou a nós”. A festa dos Santos Joaquim e Ana também é a festa dos avós: “Como eles são importantes na vida da família para comunicar esse patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para toda sociedade! E quão importante é o encontro e o diálogo entre gerações, especialmente dentro da família”, acrescentou o Papa.
Os idosos são árvores que continuam dando frutos
Os idosos desempenham um papel central nas culturas dos povos indígenas. O Papa Francisco, durante seu Pontificado, ressaltou que eles têm um papel central na transmissão da fé, no diálogo com os jovens e na preservação das raízes dos povos. São “árvores que continuam dando frutos”, “uma parte essencial da comunidade cristã e da sociedade”. Não é um povo para ser descartado, mas uma grande injeção de sabedoria, como os Santos Joaquim e Ana.
Fonte: Vatican News