“Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos” (Gl 6, 9-10a).
Queridos irmãos e queridas irmãs, amado povo de Deus!
Novamente a Igreja nos convida a trilhar o caminho quaresmal, com os olhos fixos na Páscoa do Senhor, naquele que, após passar pela cruz e pela morte, ressuscitou dos mortos e agora vive eternamente.
A quaresma é para nós uma espécie de retiro espiritual, afinal o recolhimento, o silêncio, meditação, o jejum, a oração, as obras de misericórdia e penitência favorecem nossa busca pela conversão.
Já no início deste novo tempo ouvimos, com a imposição das cinzas, o convite da liturgia: “convertei-vos e crede no evangelho”. Conversão significa voltar-se para, ou seja, voltar nosso olhar para Deus com amor filial, nosso olhar a nós mesmos com sinceridade na verdade do que vivemos e para o outro com compaixão e misericórdia.
Não nos esqueçamos das práticas quaresmais já consagradas: o jejum, a esmola e a oração. Neste tempo de conversão, explica o Papa Francisco em sua mensagem para a Quaresma deste ano, “buscando apoio na graça divina e na comunhão da Igreja, não nos cansemos de semear o bem. O jejum prepara o terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o. Na fé, temos a certeza de que ‘a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido’, e obteremos, com o dom da perseverança, os bens prometidos para salvação nossa e do próximo”. O Papa recorda também que não devemos nos cansar de fazer o bem “através duma operosa caridade para com o próximo. Durante esta Quaresma, exercitemo-nos na prática da esmola, dando com alegria”. “A Quaresma é tempo propício para procurar, e não evitar, quem passa necessidade; para chamar, e não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra; para visitar, e não abandonar, quem sofre a solidão”. “Não nos cansemos de rezar”, diz-nos o Santo Padre. “Precisamos de rezar, porque necessitamos de Deus. A ilusão de nos bastar a nós mesmos é perigosa”. Neste ponto o Papa Francisco recorda o nosso sofrimento em meio a pandemia:
“No meio das tempestades da história, encontramo-nos todos no mesmo barco, pelo que ninguém se salva sozinho; mas sobretudo ninguém se salva sem Deus, porque só o mistério pascal de Jesus Cristo nos dá a vitória sobre as vagas tenebrosas da morte”.
Na Igreja no Brasil, como de costume, realizamos neste tempo quaresmal a Campanha da Fraternidade. Seu primeiro gesto concreto é o coração convertido e o segundo é tratarmos realmente o tema do ano com prioridade, com reflexão profunda para que a gente inicie uma nova etapa.
A cada ano, um tema é destacado como sinal de que realmente necessitamos de conversão. Em cada um dos temas específicos tratados pela Campanha da Fraternidade há o convite para alargar o olhar e perceber que o pecado ameaça a vida como um todo.
Iniciando com a Quarta-feira de Cinzas, dia 02 de março, a Campanha da Fraternidade de 2022 apresenta o tema: “Fraternidade e Educação” e o lema bíblico, extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina com amor”.
Lembremo-nos que a Campanha da Fraternidade tem como gesto concreto a Coleta Nacional da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos, neste ano será no dia 10 de abril, em todas as nossas comunidades eclesiais. Os recursos são destinados aos Fundos Diocesano e Nacional da Solidariedade, os quais apoiam projetos sociais relacionados à temática da campanha. Em nossa Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano a destinatária de parte deste recurso é a Cáritas Diocesana. Sejamos solidários e generosos na partilha.
Que este tempo quaresmal e a Campanha da Fraternidade nos ajudem a percorrermos um caminho de sincera conversão e preparação para a Festa da Páscoa, certeza de vida plena para todos em Cristo Ressuscitado.
A todos uma abençoada e fecunda quaresma!
Itabira, 01 de março de 2022
Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1Cor 15,10)