Por Frei Almir Guimarães
Tema atual e urgente. Não basta mais dizer-se católico. Há alguns anos nascia-se numa família bem estruturada, certinha, com seus ritos religiosos e seus credos indiscutíveis, professados com os lábios e com a mente, nem sempre assimilados e tudo estava em ordem no melhor dos mundos. Os tempos mudaram. Hoje para podermos afirmar nossa fé cristã será fundamental empreender o caminho que nos leva ao Cristo pela via do discipulado. Nos últimos tempos repete-se a mais não poder: estamos na era da formação de um discipulado de Cristo, de um seguimento de um Mestre que é exigente. A Conferência de Aparecida decretou a era dos discípulos missionários.
“O caminho da formação do seguidor de Jesus lança suas raízes na natureza dinâmica da pessoa e no convite pessoal de Jesus Cristo, que chama os seus pelo nome e estes o seguem porque conhecem sua voz. O Senhor despertava as aspirações profundas de seus discípulos e os atraía a si maravilhados. O seguimento é fruto de uma fascinação que responde ao desejo de realização humana e de vida plena. O discípulo é alguém apaixonado por Cristo, a quem reconhece como o mestre que o conduz e acompanha” (Doc. Aparecida, n. 277).
O deixar tudo para seguir Jesus não é fim em si mesmo, mas está em função do seguimento. É mais seguir do que aprender. O desapego, o abandono, o deixar constituem o momento negativo. Lentamente o discípulo encontra um outro jeito de vida, um novo modo de escolher e de avaliar as coisas, as pessoas e os acontecimentos. Quando foi se tornando discípulo de Jesus ressuscitado, Paulo afirmou: “Julgo que tudo é prejuízo diante do bem supremo que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” (Fl 3,8).
Cristo olha, toma a iniciativa de chamar e quer resposta sem regateios. Há urgência em seguir o Mestre. Não se pode ficar protelando o dia da entrega da vida ao seguimento. “Aquele que é chamado, diante do apelo do Senhor, não pode, facilmente hesitar, tergiversar ou adiar a resposta, mas deve decidir-se com presteza, dar a resposta no momento do encontro. O apelo, portanto, tem uma conotação de urgência: é o apelo do “tempo oportuno”, do “tempo favorável”: é a grande e feliz ocasião que não pode falhar, ou melhor, deve ser aproveitada agora, aqui no imediato…” (Ubaldo Terrinoni, OFMCap).
Voltemos ao Documento de Aparecida, quando descreve o discipulado: “A pessoa amadurece constantemente no conhecimento de Jesus Mestre, se aprofunda no mistério de sua pessoa, de seu exemplo e de sua doutrina. Para esse passo são de fundamental importância a catequese permanente e a vida sacramental, que fortalece a conversão inicial e permitem que os discípulos missionários possam perseverar na vida cristã e na missão no meio do mundo que os desafia” (278c).
Fonte: Franciscanos
FREI ALMIR GUIMARÃES, OFM, ingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.