Por Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Os apóstolos, Pedro e Paulo, constituem personalidades históricas e bíblicas, pilares da Igreja, interpretados verdadeiros sustentáculos do cristianismo nascente até hoje. Eles tiveram como marca indelével um autêntico e profundo testemunho de vida cristã e missionária. Cada um deles teve específica missão. Pedro, mais ligado à instituição Igreja; Paulo, no aspecto mais missionário.
Os dois apóstolos enfrentaram período de forte perseguição à Igreja nascente. A fé cristã era objeto de conflito, provocado pelos Imperadores romanos, porque eles se consideravam os detentores do poder, humano e divino. O cristianismo provocava desconforto para o poder do tempo. Não só Pedro foi crucificado e Paulo degolado, mas muitos outros cristãos também foram martirizados.
Olhando para aquele período da história do cristianismo, o testemunho de autenticidade dos cristãos e da fé em Deus, era uma realidade evidente. Não tinham medo de anunciar Jesus Cristo como único Deus e como autêntica autoridade, acima do poder do Rei ou do Imperador. Pela solidez da fé dos cristãos, o confronto era radical, com consequências imprevisíveis e a morte, impiedosamente.
O interessante é que a perseguição e ameaças políticas, não impediram o anúncio da Palavra e nem a expansão da Igreja, que ia se fortalecendo cada vez mais, porque Deus estava com ela. O tempo foi de muito sofrimento, mas também não deixou de ser momento de coesão e fortaleza dos agentes da fé cristã de então. Hoje a Igreja necessita de testemunhos autênticos e de modelos de santidade.
A atual cultura não é muito diferente daquela dos inícios da Igreja. Parece faltar uma convicção mais profunda sobre a identidade de Jesus e de sua Igreja. Podemos até dizer que a perseguição atual não vem só de fora, mas dentro dela mesma, talvez por falta de um real sentido de pertença. É como estar na Igreja, mas a Igreja não está dentro da pessoa e se julga no direito patente da verdade.
Jesus deposita confiança em Pedro e em Paulo. Parece faltar essa mesma confiança hoje. Até dizemos: “Em quem confiar!”. Com isto fica muito fragilizado o testemunho dos cristãos para uma cultura secularizada e sem autêntico compromisso com Deus. Necessita-se de estabilidade institucional como em Pedro e mobilidade missionária como em Paulo. Há necessidade de autênticos cristãos para hoje.
Fonte: CNBB