Solenidade de Todos os Santos: escutar de perto as bem-aventuranças

Imagem ilustrativa de Frei Fábio Melo Vasconcelos

Por José Antonio Pagola

 

Quando Jesus sobe o monte e se senta para anunciar as bem-aventuranças, há uma multidão de gente naquelas imediações, mas só “os discípulos se aproximam” dele para escutar melhor sua mensagem. E nós, discípulos de Jesus, o que ouvimos hoje, se nos aproximamos dele?

Felizes “os que têm espírito de pobre” os que sabem viver com pouco, confiando sempre em Deus. Feliz uma Igreja com alma de pobre, porque terá menos problemas, estará mais atenta aos necessitados e viverá o Evangelho com mais liberdade. Dela é o Reino de Deus.

Felizes “os sofridos”, os que vivem com coração benévolo e clemente. Feliz uma Igreja cheia de mansidão, pois será uma dádiva para este mundo cheio de violência. Ela herdará a terra prometida.

Felizes “os que choram”, porque padecem injustamente sofrimentos e marginalização. Com eles pode-se criar um mundo melhor e mais digno. Feliz a Igreja que sofre por ser fiel a Jesus. Um dia será consolada por Deus.

Felizes “os que têm fome e sede de justiça”, os que não perderam o desejo de ser mais justos nem o afã de construir um mundo mais digno. Feliz a Igreja que busca com paixão o Reino de Deus e sua justiça. Nela surgirá o melhor do espírito humano. Um dia seu desejo ardente será saciado.

Felizes “os misericordiosos” que atuam, trabalham e vivem movidos pela compaixão. São os que, na terra, mais se parecem com o Pai do céu. Feliz a Igreja que Deus lhe arranca o coração de pedra e lhe dá um coração de carne. Ela alcançará misericórdia.

Felizes “os que trabalham pela paz” com paciência e fé, buscando o bem para todos. Feliz a Igreja que introduz no mundo paz e não discórdia, reconciliação e não enfrentamento. Ela será “filha de Deus”.

Felizes os que, “perseguidos por causa da justiça” respondem com mansidão às injustiças e ofensas. Eles nos ajudam a vencer o mal com o bem. Feliz a Igreja perseguida por seguir a Jesus. Dela é o Reino de Deus.

Fonte: Franciscanos


JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.


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