Foram introduzidas novidades e mudanças em relação à composição dos participantes da Assembleia Geral de outubro no Vaticano: 70 “não bispos” também participarão como membros votantes, identificados pelas Conferências Episcopais e Conselhos das Igrejas Orientais e após nomeados pelo Papa. Pede-se que as mulheres sejam em 50% e que a presença dos jovens seja valorizada. Os cardeais Grech e Hollerich: “não é uma revolução, mas um enriquecimento para a Igreja”.
Não muda a natureza nem o nome – que continua sendo Sínodo dos Bispos -, mas muda a composição dos participantes da assembleia de outubro, no Vaticano, sobre o tema da sinodalidade, ao qual irão participar também membros “não bispos”, incluindo sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e leigas, nomeados diretamente pelo Papa: 50% dos quais “são solicitados” que sejam mulheres. Um pedido explícito, juntamente com o de “aumentar” a presença de jovens. Todos terão direito a voto, chegando a um número de membros votantes na Sala Nova do Sínodo de cerca de 370 para um total de mais de 400 participantes. Até agora, havia um pequeno número de membros votantes não bispos e eram alguns membros de institutos religiosos clericais.
Instrumentum laboris
Essas são as principais mudanças e novidades introduzidas pelo Papa para o Sínodo que selará no outono (e depois continuará em 2024) o caminho sinodal que ele mesmo lançou em 2021 e que envolveu as dioceses dos cinco continentes. “Não é uma revolução, mas uma mudança importante”, fizeram questão de especificar os cardeais Mario Grech e Jean-Claude Hollerich, respectivamente secretário-geral do Sínodo e relator-geral, ilustrando as novidades em um encontro na Sala de Imprensa do Vaticano nesta quarta-feira (26).
Membros não bispos
As novas disposições, que foram comunicadas em uma carta aos responsáveis das assembleias continentais celebradas na África, Ásia, Oriente Médio e Oceania, não revogam os regulamentos atuais, a Constituição Apostólica Episcopalis Communio de 2018, que já previa a presença de “não bispos”. Com as novidades desta quarta (26) – que são justificadas no contexto do processo sinodal que Francisco queria que começasse “de baixo para cima” – o número exato é fornecido: 70 entre sacerdotes, religiosos e leigos provenientes das Igrejas locais que representam o Povo de Deus. Portanto, não haverá mais “auditores”.
Uma Assembleia “plenariamente” de bispos
“Esta decisão”, explica a Secretaria Geral do Sínodo, “reforça a solidez do processo como um todo, incorporando à assembleia a memória viva da fase preparatória, através da presença de alguns daqueles que foram seus protagonistas. Dessa forma, a especificidade episcopal da Assembleia Sinodal não é afetada, mas sim confirmada”. “Estamos falando de 21% da assembleia que continua sendo totalmente uma Assembleia de bispos, com uma certa participação de não bispos”, reiterou Hollerich. “A presença deles garante o diálogo entre a profecia do povo de Deus e o discernimento dos pastores, a circularidade colocada em prática durante todo o processo sinodal.”
Sínodo, etapa continental concluída
Mais detalhadamente, os membros “não bispos” são nomeados pelo Papa a partir de uma lista de 140 pessoas identificadas pelas Conferências Episcopais e pela Assembleia de Patriarcas das Igrejas Católicas Orientais (20 cada). Em outras palavras, cada assembleia continental terá que propor uma lista de 20 nomes e o Papa escolherá 10 dentre eles. Como mencionado, pede-se que metade desses nomes seja de mulheres e que os jovens sejam enfatizados: “porque o nosso mundo é assim”, observaram os dois cardeais.
Na escolha, eles levam em conta a cultura geral, a “prudência”, mas também o conhecimento e a participação no processo sinodal. Como membros, eles têm o direito de votar. Um aspecto importante, embora Grech espere “que um dia possamos dispensar o voto. O sínodo é um discernimento, uma oração, não nos apoiamos nos votos”. O cardeal maltês também explicou que haverá “uma única votação” e não duas diferentes, uma para os bispos e outra para os não bispos.
Cinco religiosas e cinco religiosos
As cinco religiosas e os cinco religiosos eleitos pelas respectivas organizações de Superioras Gerais e Superiores Gerais (Uisg para o feminino e Usg para o masculino) também terão direito a voto. Eles – e essa é a outra novidade substancial – substituem os 10 clérigos dos Institutos de Vida Consagrada previstos no passado. Todas as eleições – realizadas em plenário e por voto secreto pelos respectivos Sínodos, Conselhos e Conferências Episcopais – devem ser ratificadas pelo Papa. E até que o Papa não confirme a eleição, os nomes dos eleitos não serão conhecidos pelo público.
Os facilitadores
Outra novidade é que a Assembleia também contará com a participação – mas sem direito a voto – de “especialistas”, pessoas competentes em vários aspectos sobre o assunto em questão. Haverá também delegados fraternos, membros de outras Igrejas e comunidades eclesiásticas. Pela primeira vez, as figuras dos “facilitadores”, também especialistas que facilitarão o trabalho nos vários momentos, aparecerão. Uma escolha, explicou Grech, que nasceu da experiência dos grupos de estudo “que nos mostrou como esses especialistas podem criar uma dinâmica que pode dar frutos”. “Há bispos que nunca participaram do Sínodo, por isso é necessário facilitar a dimensão espiritual”, explicou Hollerich, enfatizando que, pela primeira vez, também haverá bispos de países que não têm uma Conferência Episcopal na Assembleia: Luxemburgo é um deles, mas também a Estônia e a Moldávia. Dessa forma, concordaram os dois cardeais, “a Igreja será mais completa e será uma alegria tê-la toda reunida em Roma”.
Fonte: CNBB