Silêncio nas leituras, orações, ações e posturas corporais na Liturgia

Imagem de Andrés Chávez Belisario em Cathopic

Na Liturgia, o silêncio é observado não só em momentos determinados. O recolhimento perpassa toda a celebração. Há momentos explícitos de silêncio, mas ele é observado também na escuta da palavra e acompanha certas orações chamadas presidenciais. Além disso, temos muitas ações, gestos, movimentos e posturas do corpo realizados ou acompanhados em silêncio, através do ouvido e da vista. Ouve-se em silêncio, acompanha-se em silêncio pela vista, contemplando o que se realiza ou é realizado pelo sacerdote presidente em nome de toda a assembleia.

Silêncio na escuta da Palavra de Deus – Para ouvir é preciso silenciar, fazer espaço interior para acolher a Palavra na força do Espírito Santo. É Cristo, a Palavra, quem fala quando na igreja se leem as Escrituras. Quantos ruídos estão atrapalhando a escuta da Palavra de Deus em nossas assembleias! É ruído demais a distrair. É ruído acústico. É o cochicho na Equipe de celebração. É ruído de microfonia dos aparelhos acústicos. É o ventilador ruidoso. É a conversa entre os “assistentes”. Pior ainda é o ruído visual. Pessoas chegando atrasadas, pessoas deslocando-se de um lugar para outro na igreja. É acólito querendo ajustar o microfone quando a leitura já se iniciou. O silêncio é indispensável para uma escuta frutuosa da Palavra de Deus.

Silêncio que acompanha orações do sacerdote – A Liturgia distingue-se por seu caráter dialogal. Nem todos dizem tudo. Há partes da assembleia e outras, próprias do sacerdote. Por isso, os fiéis ouvem as orações em silêncio, fazendo-as suas e dando seu assentimento através do Amém final ou por aclamações. Isso vale, sobretudo, para a Oração eucarística que é sacerdotal por sua natureza. Diz a Instrução: “O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na oração e ação de graças e o associa à prece que dirige a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo, em nome de toda a comunidade. A oração eucarística exige que todos a ouçam respeitosamente e em silêncio” (cf. n. 79). O mesmo se diga da Oração pela paz que é dita só pelo sacerdote.

Silêncio que acompanha ações, gestos e movimentos – Todo gesto realizado pelo presidente da assembleia é feito em nome de toda a assembleia. São gestos litúrgicos significativos dos mistérios celebrados. Assim todos os fiéis presentes podem e devem transformá-los em verdadeira oração: traçar o sinal da cruz, persignar-se, impor as mãos, lavar as mãos, unir as mãos, elevar as mãos, inclinações de cabeça, genuflexões e assim por diante. Os fiéis acompanham tudo em silêncio, fazendo-os seus, transformando-os em oração.

Quase todos os movimentos são acompanhados em silêncio. Gostaria de realçar a procissão da apresentação das oferendas. O canto que a acompanha é facultativo. Os fiéis que levam as oferendas ao altar estão realizando uma procissão de ofertas em nome do todos os fiéis presentes. Cada um deve encontrar-se nas oferendas, fazendo sua a apresentação das oferendas com tudo o que elas significam. O ideal é que a procissão seja acompanhada pelo olhar, em silêncio. A própria ação de se reunir em assembleia, já parte da celebração, é feita em silêncio.

Silêncio que acompanha posturas corporais da assembleia – Estar de pé, levantar-se, sentar-se e estar assentado, ajoelhar e estar de joelhos, prostrar-se e estar prostrado são ações comemorativas dos mistérios celebrados, expressões orantes, modos de a assembleia comunicar-se com Deus. O corpo todo reza, comunica-se com Deus na fé, na esperança e na caridade. Tudo isso é realizado no silêncio das palavras. Celebremos, pois, de corpo inteiro, comunicamo-nos com Deus, inclusive, através da gestualidade corporal no silêncio das palavras. Tudo é oração.

Fonte: Franciscanos – Especial Gotas de Liturgia / Por Frei Alberto Beckhäuser

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