Os quatro jovens sacerdotes mortos em 1936 durante a terrível experiência da Guerra Civil Espanhola, beatificados neste sábado (30/10)
O martírio não procurado, mas sofrido, uma escolha livre e não uma imposição: no centro do testemunho dos quatro mártires da Guerra Civil Espanhola, beatificados neste sábado na Basílica Catedral de Santa Maria de Tortosa, há também a interpretação do amor como um extremo sacrifício de si, sublinhou o prefeito da Congregação das Causas dos Santos na homilia da missa.
A soma de amor e sacrifício resulta em martírio. Os quatro jovens sacerdotes mortos em 1936 durante a terrível experiência da Guerra Civil Espanhola, beatificados neste sábado (30/10), em Tortosa, na região autônoma da Catalunha, na Espanha, sabiam disso. Francisco Cástor Sojo López e seus três companheiros mártires tinham muitas coisas em comum: todos eram sacerdotes, e todos se preocupavam com as vocações, apesar de virem de dioceses diferentes. Todos os quatro foram ao encontro da morte por ódio à fé, conforme a fórmula para uma realidade dolorosa e sempre presente, mas também com uma “atitude de perdão em suportar as torturas”, como o cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação das Causas dos Santos, sublinhou em sua homilia de hoje, citando em particular, dentre os quatro, o Beato Millán Garde Serrano.
O martírio como uma escolha livre
A reflexão do cardeal começa aqui: Jesus convida a todos, mas realmente todos a segui-lo. Ele dizia: “Se alguém quiser vir atrás de mim, renegue a si mesmo, pegue sua cruz diariamente e me siga”. É um “convite peremptório e claro, que não deixa espaço para truques”, sublinhou o cardeal. Mas é também um convite, não uma imposição: todos podem aceitá-lo como ele é, sem atenuá-lo ou evitá-lo, mas ainda assim é uma escolha livre. Renegar-se a si mesmo “significa repudiar não o que se é, mas o que se tornou por egoísmo e interesse pessoal”, sublinhou o prefeito, insistindo no fato de que é muito mais fácil deixar os próprios bens do que certas características.
Uma cruz para carregar todos os dias
Na mesma passagem do Evangelho, Jesus fala também de uma cruz pessoal, que cada pessoa carrega em sua vida cotidiana. O cardeal Semeraro explicou que daqui é fácil evocar o Gólgota e a imagem de Jesus crucificado, mas Cristo carregou aquela cruz “apenas uma vez porque naquela cruz Ele deu Sua vida”, assumindo “um valor eterno”, para nós, mas, Ele fala de uma cruz diária. “Nós, para completar em nossas vidas o caminho da Cruz do Senhor, precisamos retomá-lo todos os dias e todos os dias retomar o nosso caminho de sequela”, exortou o cardeal, lembrando que o Papa uma vez falou da tentação “de seguir um Cristo sem cruz”. Jesus, por outro lado, nos redireciona constantemente em seu caminho, que é o caminho do amor, do sacrifício de si, portanto, da cruz.
Um testemunho de acolhimento e perdão
“Quem quiser salvar sua vida, irá perdê-la, mas quem perder sua vida por minha causa, irá salvá”. Jesus disse isto e os quatro novos beatos de hoje o fizeram durante sua experiência terrena. Francisco Cástor Sojo López foi ordenado sacerdote em 1903. Depois, entrou na Fraternidade Sacerdotal Operários Diocesanos à qual pertenciam os outros três companheiros de seu martírio. Ele serviu em vários seminários, de Toledo a Ciudad Real, e foi ali que os milicianos entraram em 23 de julho de 1936. O sacerdote foi mantido prisioneiro até a noite de 12 e 13 de setembro, quando foi levado para fora da cidade e assassinado.
Roberta Barbi – Vatican News