Sejamos patriotas

Por Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

 

Estamos na Semana da Pátria. No próximo dia 7 comemoraremos a Independência do Brasil, o nascimento do nosso país como nação. Data especial para cultivarmos a virtude do patriotismo, dever e amor para com o nosso país, incluído no 4º Mandamento da Lei de Deus.

Jesus, nosso divino modelo, amava tanto sua pátria, que chorou sobre sua capital, Jerusalém, ao prever os castigos que sobre ela viriam, consequência da sua infidelidade aos dons de Deus. Não temos também motivos para chorar sobre nossa pátria amada? Nação que nasceu cristã, mas que anda esquecida dos valores cristãos legados pelos nossos missionários, presa de ideologias espúrias; povo nem sempre bem educado, nem sempre pacífico nem cortês e que não sabe escolher bem seus representantes; na política, além da falta de harmonia e equilíbrio entre os poderes, a corrupção, a falta de honestidade, ética, honradez, com total desprezo das virtudes humanas e cristãs, necessárias ao bom convívio e à vida em sociedade.

Observando as redes sociais, notamos a ausência total do respeito à opinião alheia, o ódio, a incitação à violência, a falta de humildade e modéstia, o desaparecimento da tolerância, do respeito pelas consciências, do apreço pela verdade, o disseminar de calúnias, intrigas e suspeitas. Tudo isso se constitui no oposto às virtudes humanas e cristãs, que são a base da civilização.

E as virtudes da honestidade, da não acepção de pessoas, da caridade desinteressada, do comedimento no falar, do respeito para com o próximo, do amor pela verdade, da convicção religiosa, da constância, da fidelidade nas promessas, do cumprimento da palavra dada?

Segundo Aristóteles, “o homem é por natureza um animal político, destinado a viver em sociedade” (Política, I, 1,9). Política vem do grego pólis, que significa cidade. E, continua Aristóteles, “toda a cidade é evidentemente uma associação, e toda a associação só se forma para algum bem, dado que os homens, sejam eles quais forem, tudo fazem para o fim do que lhes parece ser bom”. E Santo Tomás de Aquino cunhou o termo bem comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade, dando-o como finalidade do Estado. “A comunidade política existe… em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. O bem comum compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, 74). Daí se conclui que a cidade – o Estado – exige um governo que a dirija para o bem comum. Não se pode separar a política da direção para o bem comum. Procurar o bem próprio na política é um contrassenso.

Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões. Uma vez abandonados os valores morais e os limites éticos, a sociedade fica ao sabor das paixões desordenadas do egoísmo, da ambição e da cobiça.

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