Mais de 7.800 menores desacompanhados chegaram por mar desde o início do ano, contra 4.600 no ano passado. Já os migrantes resgatados pelo navio Ocean Viking ainda estão esperando por um local para desembarcar.
Por Silvonei José
Na tarde de domingo (07/11), o navio Sea Eye 4 finalmente atracou no porto de Trapani com os mais de 800 migrantes resgatados nos últimos dias pela ONG Sea Eye no Mediterrâneo central. Os procedimentos de identificação ainda estão em andamento. Entre eles estão mais de cem menores e várias crianças pequenas com suas famílias, assistidos pelos membros de Save the Children presentes na área de desembarque, a organização que luta há mais de 100 anos para salvar crianças em risco e garantir-lhes um futuro.
“A essência deste desembarque encontramos em duas imagens opostas sobre as quais pousamos o nosso olhar. A expressão vazia, triste e desprendida de uma adolescente e a dança libertadora de uma menina de dois anos com energia irreprimível. Elas nos dão toda a gama de emoções sentidas por esses adolescentes, meninos e meninas que enfrentam uma viagem tão perigosa. As dolorosas feridas, visíveis e invisíveis, causadas pela trágica permanência na Líbia, muitas vezes durando mais de seis meses, como alguns deles nos disseram, combinadas com o terror da travessia do Mediterrâneo, e a sensação de liberdade e alegria sentida quando chegaram a um lugar seguro com a esperança de ter um futuro protegido e mais sereno pela frente”, disse Giovanna Di Benedetto, porta-voz da Save the Children, durante as operações de desembarque.
São mais de 7.800 os menores que chegaram sozinhos à Itália via mar em 2021, em aumento em relação a mais de 4.600 no mesmo período do ano passado. Entre eles há também um número de jovens e muito jovens da Costa do Marfim, um fenômeno crescente que os membros de Save the Children estão monitorando para tentar garantir a melhor capacidade de intervenção com relação aos fatores de risco.
Mas enquanto as pessoas resgatadas pela Sea Eye conseguiram chegar ao continente, ainda há migrantes resgatados por outro navio, o Ocean Viking, que estão esperando por um porto seguro. Mais uma vez, entre eles estão muitas pessoas vulneráveis, incluindo vários menores.
Save the Children pede que seja designado imediatamente um porto seguro, para que as pessoas que suportaram uma viagem tão longa e perigosa não tenham que continuar a sofrer. A organização enfatiza, mais uma vez, a necessidade e urgência de um compromisso direto dos Estados membros e da União Europeia para criar um sistema estruturado, coordenado e eficaz de busca e resgate no Mediterrâneo central, uma das rotas mais mortíferas do mundo, e a ativação de canais seguros de entrada na União Europeia. É o respeito aos princípios do direito internacional que obriga os Estados a cooperar e coordenar no resgate de pessoas em perigo, operações de resgate que são concluídas quando um porto de desembarque seguro é designado. Salvar vidas deve ser a principal preocupação de qualquer operação no Mediterrâneo e é necessário garantir que qualquer embarcação que opere neste sentido, incluindo navios mercantes ou de organizações não governamentais, não encontre nenhum obstáculo quando socorre e desembarca pessoas em perigo.
Fonte: Vatican News