São Josafá Kuncewicz, bispo e mártir

Tudo na vida de João Kuncewics aconteceu cedo e rápido. Nascido de família cristã ortodoxa da Ucrânia, em 1580, estudou filosofia e teologia. Aos vinte anos, tornou-se monge na Ordem de São Basílio, recebendo o nome de Josafá. Em pouco tempo, era nomeado superior do convento e, logo depois, arquimandrita de Polotsk. Com apenas trinta e sete anos, assumiu, embora a contragosto, o arcebispado de Polotsk.

Dizem os escritos antigos que a brilhante carreira era plenamente justificada pelos seus dotes intelectuais e, principalmente, pelo exemplo de suas virtudes, obediência total à disciplina monástica e à prática da caridade.

Exemplo disso foi quando, certa vez, sem ter como ajudar uma viúva que passava necessidades, penhorou o pálio de bispo para conseguir dinheiro e socorrê-la.

Vivia-se a época do cisma, provocado pelas igrejas do Oriente, e Josafá foi um dos grandes batalhadores pela união delas com Roma, tendo obtido vitória em muitas das frentes de batalha.

Josafá defendia com coragem a autoridade do papa e o fim do cisma, com a consequente união das igrejas. Pregava e fazia questão de seguir os ensinamentos de Jesus numa só Igreja, sob a autoridade de um único pastor. Sua luta incansável reconquistou muitos hereges e ele é considerado o responsável pelo retorno dos rutenos ao seio da Igreja. Embora outras igrejas do Oriente não o tenham seguido, foi uma vitória histórica e muito importante.

Atuando dessa forma e tendo as origens que tinha, é evidente que sofreria represálias. Foi vítima de calúnias, difamação, acusações absurdas e uma oposição ameaçadora por parte dos que apoiavam o cisma. Em uma pregação, chegou a prever que seu fim estava próximo e seria na mão dos inimigos. Até mesmo avisou “as ovelhas do seu rebanho”, como dizia, de que isso aconteceria. Mas não temia por sua vida e jamais deixou de lutar.

Em uma das visitas às paróquias sob sua administração, sua moradia foi cercada e atacada. Muitas pessoas da comitiva foram massacradas. O arcebispo Josafá, então, apresentou-se aos inimigos perguntando porque matavam seus familiares se o alvo era ele próprio. Impiedosamente, a multidão maltratou-o, torturou-o, matou-o e jogou seu corpo em um rio.

Tudo ocorreu no dia 12 de novembro de 1623, na cidade de Vitebsk, na Bielorússia. Seu corpo, depois, foi recuperado e venerado pelos fiéis. Mais tarde, os próprios responsáveis pelo assassinato do arcebispo foram presos, julgados, condenados e acabaram convertendo-se, escapando da pena de morte.

O papa Pio IX canonizou-o em 1876. São Josafá Kuncewics, considerado pelos estudiosos atuais da Igreja o precursor do ecumenismo que vivemos em nossos dias.

Fonte: Franciscanos

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