Mais do que um intercessor no céu, ter um santo de devoção é ter um amigo.
A devoção a santos específicos faz parte da vida espiritual dos católicos desde os primeiros séculos.
No Brasil, os santos que mais têm devotos é Nossa Senhora Aparecida (padroeira do país), seguido por Santo Antônio e Nossa Senhora da Conceição.
Durante sua vida na Terra, muitos santos também tiveram um intercessor no céu. Santa Teresa D’Ávila, por exemplo, era devota de São José, a quem dedicou muitos textos e cuja admiração transmitia a todos à sua volta. Como escreveu em sua autobiografia intitulada “Livro da Vida”: “Tomei por advogado e senhor o glorioso São José e muito me encomendei a ele. […] Não me recordo de ter suplicado graça que tenha deixado de obter. Coisa admirável são os grandes favores que Deus me tem feito por intermédio desse bem-aventurado santo e os perigos de que tem livrado, tanto do corpo como da alma. […] A todos quisera persuadir que fossem devotos desse glorioso santo, pela experiência que tenho de quantos bens alcança de Deus… De alguns anos para cá, no dia de sua festa, sempre lhe peço algum favor especial. Nunca deixei de ser atendida”.
Mas o que significa ter um santo de devoção?
Padre Pedro André, colaborador da Rádio Vaticano, nos ajuda a entender: “ter um santo de devoção é ter um intercessor no céu, alguém que ajuda a levar até Deus as nossas preces, orações e também os nossos agradecimentos. Mas mais do que ser um amigo que encaminha um pedido, é alguém em quem devemos inspirar a própria vida. Antes mesmo de ser religioso salesiano eu já era devoto de São João Bosco, fundador da congregação. Me inspiro na vida de Dom Bosco pois ele é um exemplo de quem soube ver a realidade e, a partir disso, ouvir a voz de Deus e se colocar a serviço dos outros. Fez de sua vida e de seu trabalho uma grande forma de oração. Servir ao próximo é servir a Deus. Dom Bosco através do acolhimento de jovens pobres e abandonados, dando melhores condições de vida, educando e ensinando uma profissão para que se tornassem bons cristãos, nos mostrou o quanto é santificante estar à serviço do próximo”, ressalta Padre Pedro.
Assim o fez também Beato Artêmides Zatti, professor da Sociedade Salesiana de São João Bosco, que será canonizado este domingo, 9 de outubro, pelo Papa Francisco em missa na capela papal da praça São Pedro. Durante sua estadia na Patagonia, Argentina, Artêmides trabalhou em tempo integral como enfermeiro no hospital San Giuseppe de Viedma, estando disponível a qualquer hora do dia ou da noite para atendimento domiciliar dos doentes, especialmente dos mais pobres, recebendo o nome de parente dos pobres.
Padre Pedro conclui dizendo que “na religiosidade popular muitas vezes as pessoas não conhecem os feitos dos santos de quem são devotos. Conhecer a vida dos santos de devoção é muito importante, sobretudo na atualidade em que temos muitas fontes de informação. Conhecendo a vida do nosso santo de devoção procuremos seguir os seus passos pois eles nos conduzem à Deus”.
Laura Lo Monaco – Cidade do Vaticano