Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

Procissão de Corpus Christi 2022, Comunidade Matriz Nossa Senhora da Saúde - foto/Pascom

Por Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

 

A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo foi instituída, primeiramente, na Diocese de Liège, na Bélgica, em 1246. O Papa Urbano IV (1261-1264) estendeu-a à Igreja universal. Esta Solenidade é celebrada na quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trindade. Na celebração de Corpus Christi  os fiéis rendem graças a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor Jesus se dá a nós como alimento de Vida Eterna. A Eucaristia é fonte e centro de toda a vida cristã. Portanto, proclama-se, neste dia, a fé na presença real de Jesus Cristo nos Dons Eucarísticos: “O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até ele voltar, o Sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição” (Sacrosanctum Concilium, 47). Ensina, ainda, São João Paulo II: “Nos sinais humildes do pão e do vinho transubstanciados no seu Corpo e Sangue, Cristo caminha conosco, como nossa força e nosso viático, e torna-nos testemunhas de esperança para todos. Se a razão experimenta os seus limites diante deste mistério, o coração iluminado pela graça do Espírito Santo intui bem como comportar-se, entranhando-se na adoração e num amor sem limites” (Ecclesia de Eucharistia, n. 62). 

“Na Eucaristia, temos Jesus, o seu sacrifício redentor, a sua Ressurreição, temos o dom do Espírito Santo, temos a adoração, a obediência e o amor ao Pai. Se omitíssemos a Eucaristia, como poderíamos dar remédio à nossa indigência?” (São João Paulo II). Nossa grande indigência, nos tempos atuais, é a falta de unidade, cujo remédio é a Santa Eucaristia. No entanto, além de celebrar piedosamente a Liturgia Eucarística, não podemos nos esquecer de que o pão e o cálice eucarísticos, necessariamente, devem se desdobrar e refletir nossa comunhão cotidiana no corpo e no sangue de Cristo. Por isso, ao ouvir do Papa Francisco o convite para que todos percorramos o caminho sinodal, não podemos deixar de lado a dimensão e a base eucarística da missão da Igreja. É da Eucaristia que nasce a participação de todos os batizados na única missão da Igreja: anunciar Jesus Cristo. A Eucaristia não é apenas fonte, mas é a própria comunhão eclesial, o remédio contra a indigência da discórdia. 

Na primeira leitura – Dt 8,2-3.14b-16a – o autor chama a atenção do povo para que não se esqueça de que o amor que Deus lhe dedicou ao libertar-se do Egito e conduzi-lo à Terra Prometida, alimentando-o e saciando-lhe a sede. Esse mesmo Deus continua a acompanhar o povo no dia a dia. A Eucaristia que circula em nossas cidades e vilas no dia de hoje é uma confirmação disso.  

Na segunda leitura – 1Cor 10,16-17 – São Paulo lembra que o vinho e o pão consagrados são o sangue e o corpo de Cristo presentes na comunidade celebrante. A Eucaristia é a raiz da comunhão existente entre os participantes que formam um só corpo. A partilha do pão é o melhor símbolo da presença de Deus no meio do povo. 

No Evangelho – Jo 6,51-58 – Jesus se apresenta como o pão vivo vindo do Pai. Ele se tornou carne, pão descido do céu, que alimenta a vida da humanidade. Alimentar-se da carne e do sangue de Jesus significa acolher o dom total de sua vida. A carne é a existência humana, e o sangue é a vida doada por amor. Os fiéis que comem sua carne e bebem seu sangue entram em comunhão com ele e com o Pai, fonte última da vida. Hoje Jesus continua a oferecer-se no dom da Palavra e da Eucaristia. 

Alimentar-nos de Jesus Eucaristia significa também abandonar-se com confiança a Ele e deixar-nos guiar por Ele. Trata-se de acolher Jesus, em lugar do próprio “eu”. Desta forma, o amor gratuito recebido de Cristo na comunhão eucarística, por obra do Espírito Santo, alimenta o amor a Deus e aos irmãos e irmãs que encontramos no caminho de cada dia. Alimentados com o corpo de Cristo, tornamo-nos cada vez mais concretamente o corpo místico de Cristo. É o que nos recorda o apóstolo São Paulo (1Cor 10,16-17). Por isso, na Eucaristia vivemos por Jesus e nos deixamos guiar por Ele! 

Fonte: CNBB

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