Na 22ª Conferência contra o Tráfico de Pessoas em Viena, dom Janusz Urbanczyk, representante do Vaticano junto à OSCE, salientou que novas formas de proteção e assistência devem ser desenvolvidas pelos Estados. O tráfico de crianças, em particular, está aumentando inclusive pelos deslocados por causa da guerra na Ucrânia. Em todo o mundo, uma em cada três vítimas é uma criança.
Amedeo Lomonaco
O aumento significativo dos fluxos migratórios de pessoas em busca de paz e de um futuro seguro, incluindo os deslocados pela guerra na Ucrânia, aponta para a necessidade urgente de estabelecer soluções duráveis e mecanismos de segurança, particularmente para ajudar as vítimas e proteger os migrantes vulneráveis. Foi o que sublinhou na terça-feira (5), em Viena, dom Janusz Urbanczyk, representante permanente da Santa Sé junto à OSCE – Organização para a Segurança e Cooperação na Europa. Ele participou da 22ª Conferência contra o Tráfico de Pessoas que se concentrou no tema: “Proteção: defender os direitos das vítimas e fortalecer a assistência”.
Dom Urbanczyk, na sua intervenção, disse que os Estados devem redobrar os esforços para identificar e desenvolver novas formas de proteção e assistência para enfrentar o horrível fenômeno do tráfico.
Avançar na luta contra o tráfico
Em um outro discurso, focalizando o mesmo tema, ele destacou que, em tempos de dificuldades econômicas e financeiras, alguns governos poderiam estar menos inclinados a destinar fundos adicionais para combater o tráfico de pessoas e proteger as vítimas. Entretanto, é imperativo reconhecer que tal financiamento é necessário para apoiar projetos públicos e privados que protegem, assistem e integram as vítimas e garantem a segurança nacional e regional.
Dom Urbanczyk lembrou, em particular, as palavras do Papa Francisco na mensagem em vídeo deste ano para o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico: “avancemos na luta contra o tráfico de pessoas e todas as formas de escravidão e exploração. Convido todos a manter viva a indignação – manter viva a indignação! – e encontrar todos os dias a força para se engajar com determinação nesta frente. Não tenham medo da arrogância da violência”.
Proteção de menores
As convenções internacionais, as diretrizes regionais, os regulamentos e uma série de leis nacionais, disse dom Urbanczyk em um outro discurso sobre o flagelo do tráfico, levam em conta a necessidade de proteger os menores e de salvaguardar o “melhor interesse da criança”. Infelizmente, tudo isso ainda não é suficiente para proteger as crianças de se tornarem vítimas do tráfico.
Como o Papa Francisco lembrou em 2018, no colóquio Santa Sé-México sobre migração internacional, “deve ser dada atenção especial às crianças migrantes, suas famílias, aquelas que são vítimas das redes do tráfico de seres humanos e aquelas que são deslocadas por causa de conflitos, desastres naturais e perseguições. Todos elas esperam que tenhamos a coragem de derrubar o muro da cumplicidade confortável e silenciosa que agrava a situação delas de abandono e que coloquemos sobre elas a nossa atenção, compaixão e dedicação”.
O tráfico de crianças está aumentando, confirmou dom Janusz Urbanczyk. Em todo o mundo, uma em cada três vítimas é uma criança. Nos países de baixa renda, os menores representam a metade das vítimas. Portanto, concluiu o representante da Santa Sé, é essencial atualizar constantemente as regulamentações internacionais e nacionais para que os esforços coletivos para proteger as crianças não apenas levem em conta os dados mais relevantes e atualizados, mas, acima de tudo, sejam eficazes.
Fonte: Vatican News