Salvar a Palavra

Foto de Ana Saldívar em Cathopic

Por Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)

 

Tempos primaveris emitem ares de esperança que nos conduzem na expectativa de semear novamente atitudes genuínas da nova criação. Primavera, palavra, semeadura, ação transformadora nos impulsionam positivamente na vida.

Consideramos setembro, o mês da Bíblia, da Palavra. Na Sagrada Escritura, a Palavra é orientação segura para o seguimento de quem cria, envia, tem uma missão, anunciar o Reino dos Céus que já está no meio de nós.

Em tempos de aceleramento de novas técnicas e facilidades, o ser humano vive a crise humanitária, provocada pela lentidão em desenvolver a arte do cuidado, a beleza do encontro, o respeito, a verdade. É preciso voltar às origens da razão de ser da vida humana. Vivemos para quê? Para quem? Para onde iremos? Qual é a missão? De quem é a missão?

O povo antigo era conduzido com palavras vivificantes, de alcance fácil. A verdade era original e segura. Obedecendo a palavra, a vida seguia seu ritmo normal: “Moisés falou ao povo, dizendo: Agora, Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida pelo Senhor Deus de vossos pais” (Dt 4,1). A missão é de Deus. Ele tem o rumo do destino da criatura humana, por ser obra Dele, somos criaturas Dele. Portanto, somos frutos da vontade de Deus que nos chama para a verdade, para a felicidade. Semeadores da Palavra que conduz e salva, entendemos que a observância das normas corretas nos garantem a solidez da palavra que edifica e constrói uma nova relação humana. “Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem sombra de variação. De livre vontade ele nos gerou, pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas” (Tg 1,17-18).

Somos chamados a recuperar a espiritualidade que liberta, que salva. Notícias revelam as grandes mentiras que iludem os simples e solidificam posturas desonestas, tornando a mentira verdade e a verdade passa a ser mentira. É preciso retornar à simplicidade de vida seguindo os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo que nos liberta de toda a mentira.

Setembro, o mês da Bíblia, somos convocados para purificar a palavra que nos conduz para a verdade que liberta e salva. A mentira é enganadora, não dura, é destruída, revelada. De nada adianta somar mundos e fundos com mentiras e falsidades. São Tiago nos ensina: “Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas” (Tg 1,21b).

A Palavra que salva é fruto da fé amadurecida. Quem tem fé de verdade, vive da verdade, é da verdade, não mente. Retornar a Jesus, ser discípulo do Senhor na vida familiar, no mundo do trabalho onde estivermos, é o caminho que recupera a solidez da autenticidade, convertendo os corações, construindo a justiça e o amor. A paz é fruto do acolhimento e integração de todas as pessoas e convivência com toda a obra criada. Tiago insiste: “Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai, é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1,27).

Que neste mês dedicado à Bíblia meditemos sobre a Palavra da verdade que nos conduz no caminho da justiça e do amor. Transformemos nosso coração para receber as dádivas autênticas e verdadeiras, seguindo Jesus Cristo, “Caminho, Verdade e Vida”, purificando a Palavra que nos salva.

Fonte: CNBB

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