Sagrado Coração de Jesus

O mês de junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, cuja solenidade litúrgica celebramos na sexta-feira seguinte a festa de Corpus Christi. A devoção ao Sagrado Coração tem as suas origens na devoção popular. O Papa Pio IX, em 1856, estendeu a festa para toda a Igreja Latina.

A expressão “Coração de Cristo” nos remete à totalidade de seu ser, Verbo encarnado para a salvação de toda a humanidade. Esta piedade popular tem a sua fundamentação na Sagrada Escritura. Jesus, em seu Evangelho, convida os discípulos a viverem em íntima comunhão com ele, assumindo a sua palavra como modo de vida e revelando-se um mestre “manso e humilde de coração”.

Esta expressão também nos remete ao momento da morte de Cristo, em que, do alto da cruz, por uma lança o seu Divino Coração foi transpassado, de onde jorrou sangue e água, símbolo do nascimento da Igreja e de seus sacramentos, símbolo de nossa redenção. Na água está a nossa purificação e no sangue está a nossa salvação. Neste momento a esposa de Cristo, a Igreja, lava e alveja as suas roupas no sangue do Cordeiro.

O texto que narra Cristo mostrando o lado e as mãos aos discípulos e o convite a Tomé para estender a mão e tocar seu lado também faz parte da fundamentação desta devoção. Esses textos narram o convite que Cristo faz todos os dias a nós, o convite para participarmos de sua ressurreição, entrarmos em sua glória, tornando-nos parte integrante dela, testemunhando-a com nossas vidas e com nossas ações.

Coração nos lembra amor, e há no mundo algum outro coração que amou mais do que o Coração de Jesus? Amor verdadeiro, que só no seu coração encontramos. Todos os dias temos que pedir para que Cristo nos conceda a graça de termos os nossos corações semelhantes ao dele, pois o seu coração é a fonte, o rio, o oceano de misericórdia, no qual somos mergulhados.

“Celebramos hoje, portanto, e com grande alegria, a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, símbolo concreto do amor que Cristo nos tem e que nós, infelizmente, muitas vezes recompensamos com ingratidões, ultrajes e indiferenças. E para podermos compreender melhor a profundidade da caridade de Cristo para conosco, vale a pena escutar o que diz S. Paulo em sua Epístola aos Efésios: “Por esta causa”, escreve ele, “dobro os joe­lhos em presença do Pai” (Ef 3, 14), cujo amor, revelado já no Antigo Testamento, se manifesta em toda a sua plenitude no amor encarnado que Jesus traz dentro de seu Coração. Revelado, pois, em Cristo o amor de Deus aos homens, é agora necessário, conclui o Apóstolo, que sejamos “poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do nosso homem interior” (Ef 3, 16). Ora, esse fortalecimento interior, que nos torna aptos para conhecer e corresponder ao amor de Cristo, se fundamenta nas duas virtudes teologais mais importantes: “Que Cristo habite pela em vossos corações, arraigados e consolidados na caridade” (Ef 3, 17): a , princípio da salvação, fundamento e raiz de toda justificação, é a base sobre a qual se há-de erguer o edifício da nossa vida espiritual, porque sem ela é impossível agradar a Deus e chegar à comunhão de seus filhos; a caridade, por seu turno, é a forma que dá a esta mesma fé a sua perfeição última, tornando-a capaz de compreender em verdade “qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade”, isto é, de conhecer o amor “de Cristo, que desafia todo o conhecimento” (Ef 3, 18s). É assim, com uma firme, fortalecida pela caridade que só o Espírito Santo pode difundir em nossos corações, que poderemos ter hoje uma mais exata noção do quanto nos ama o S. Coração de Jesus e, portanto, experimentar pela ação do mesmo Espírito o desejo de corresponder a tamanho amor com todo o amor de que formos capazes. Que o amantíssimo Coração do nosso divino Redentor nos conceda, do seu tesouro de graças e misericórdias, a graça de uma fé inabalável na verdade do seu amor por nós, e que o Espírito Santo que nos foi dado infunda em nossos corações o dom de uma caridade perfeita, que fará da nossa fé uma realidade viva e operante, que não se contenta em saber-se amada, porque anseia amar de volta, sob os impulsos de uma vontade dócil à graça e cativada pelo amor de Cristo. — Ó S. Coração de Jesus, dá-nos o amor com que queres que te amemos!” (Padre Paulo Ricardo).

 

Fontes: Catequizar e Padre Paulo Ricardo

 

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