Sacrário do Senhor: 40 crianças recebem pela primeira vez Jesus Eucarístico

Em 1910, por meio do decreto Quam singulari, São Pio X permitiu que as crianças, ao chegarem ao “uso da razão”, pudessem fazer a Primeira Comunhão: “O conhecimento da religião que se requer no menino para a primeira Comunhão é que, segundo o seu desenvolvimento, perceba os mistérios da fé necessários por necessidade de meios (necessitate medi) e distinga o pão eucarístico do pão comum e corpóreo, de sorte que se aproxime da Eucaristia com a devoção própria da sua idade”.

São Pio X, cujo lema do seu pontificado era “Restaurar as coisas em Cristo”, instituiu o ensino do catecismo em todas as paróquias e para todas as idades, como um importante caminho para recuperar a fé. Mais do que isso: foi o papa que recomentou que os fiéis se aproximassem com frequência dos sacramentos, recebendo diariamente a Sagrada Eucaristia.

Passados 109 anos, nossas crianças continuam celebrando o direito de participar do banquete Eucarístico.

 

A 1ª Comunhão

Sem dúvida, quem os vê espevitados dentro de casa, com uma energia de dar inveja em qualquer um que tenha chegado à casa dos ‘enta’, pode até ter dúvida se eles são mesmo capazes de compreender a grandeza e o milagre deste sacramento. Mas São Pio X estava certo, porque foi o próprio Jesus quem repreendeu os discípulos por lhe afastarem as crianças: “Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus” (Mc 10,14).

Neste domingo, 19/05, ainda vivendo toda a alegria do Tempo Pascal, 40 crianças, de 10 a 12 anos, celebraram pela primeira vez o Sacramento da Eucaristia, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Saúde.

Gustavo, 10 anos

Pouco antes da missa, Gustavo Costa Mangueira, de 10 anos, tentava se acalmar: “estou nervoso e com ansiedade, com medo de fazer alguma coisa errada”. Para suavizar a tensão, conversamos sobre os anos da catequese, o que ele mais gostou de aprender: “da vida de Jesus”, respondeu. E o que você achou mais interessante na vida de Jesus? “Transformar água em vinho”. A resposta direta, sem rodeios, tão típico de crianças é o que as tornam tão especiais aos olhos do Senhor.

Este não é um caminho pronto, mas de aprendizado, para toda a vida. Começa em casa, com a família; ganha corpo com o catecismo; segue com o aprofundamento para a crisma e no amadurecimento da vivência com a comunidade de fé.

Clarice, 11 anos

 

Clarice Bragança Martins, 11 anos, estava bem tranquila. Relembrou o tempo de preparação na catequese… “foi bom, eu aprendi sobre Deus, né? Gostei dos mandamentos, da história de Jesus, de Maria, ah… e também dos apóstolos. Eu não tô nervosa não. Tô normal. Mas é mágico, né? Depois de anos na catequese, vai ser mágico receber Jesus!”

Talvez seja isso mesmo que se passa na cabecinha da maioria deles. É um mundo novo que se descortina ainda sob a ótica de quem não tem a necessidade de ir além do acolher “este grande-mistério-inexplicável-que-é-Jesus.

Mais próximos das hashtags do que boa parte dos adultos, talvez algum deles poste por aí: #primeiracomunhao #foimagico #tchaucatequesecomunguei. É o universo deles e Jesus entende disso melhor que a gente. Ele conhece os corações, as suas mais profundas reentrâncias. Ama tanto o pequenino quanto aquele velhinho que já fez longo o percurso. Imagine a festa que Jesus deve fazer no céu cada vez que um desses pequeninos sai da igreja sendo o Seu sacrário.

É sempre lindo, da procissão de entrada, passando pelo maravilhoso momento da renovação do batismo. Velas acesas. O Círio Pascal ao lado do altar. Aquela Luz que é selo na vida de cada batizado e que se torna ainda mais intensa a cada nova ‘comunhão’ com Jesus.

O domingo parecia mesmo tão especial, que até a chuva deu trégua. Três padres participaram. O pároco Flávio Assis presidiu a Santa Missa, concelebrada com os padres Carlos Roberto Costa e Cleverson, ambos de Belo Horizonte. Pais, avós, tios, padrinhos, amigos, convidados… uma igreja inundada pela alegria que só mesmo Cristo pode proporcionar. O Mestre e os pequeninos. É meio assim que as celebrações da Primeira Comunhão parecem.

Da esquerda para a direita: Padre Cleverson, Padre Carlos, Padre Flávio

Padre Cleverson fez a proclamação do Evangelho. Mas depois do teatrinho para as crianças bem pequeninas, acostumadas às missas de domingo, quem fez a reflexão/homilia para os catequizandos foi o padre Carlos. Num desses instantes de inspiração, pediu a eles que fechassem os olhos e mergulhassem na Palavra. As crianças, algumas já tão adolescentes, se ajeitaram nos bancos, compenetradas. Para quem observava, talvez, elas esperassem um “milagre”, uma revolução, um chacoalhar… Mas Jesus tem um jeito próprio de falar, de sacudir, de deixar sinais. Aos poucos, cada um vai compreendendo este Jesus nas orações particulares, nas atividades da comunidade de fé, a cada celebração do Mistério Eucarístico.

Teve lindo: aquele momento do ofertório em que, embora a música fosse outra, era impossível não lembrar: “desamarre as sandálias… este chão é terra santa”. Pois foi ali, diante do altar, que os 40 meninos e meninas, as crianças e adolescentes amados pelo Senhor, depositaram suas sandálias (chinelos). Num gesto de entrega e desprendimento… voltaram aos seus lugares com os pés nus.

E com esta nudez, foram recebidos por Jesus de braços abertos. Subiram ao presbitério e, diante do altar do sacrifício, garantia da nossa salvação, pelas mãos do padre Flávio, receberam a centralidade da vida de todo cristão católico: Jesus Cristo, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

 

Liliene Dante

 

Obs.: os chinelos depositados durante as oferendas serão doados.

Outras fotos da Santa Missa e da Primeira Eucaristia estão disponíveis na página da Paróquia no facebook: https://www.facebook.com/pg/pnssitabira/photos/?tab=album&album_id=2520568374641214

 

 

 

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