O isolamento social leva as pessoas ao limite, estressando e tornando-as “vítimas fáceis do desespero”, reflete o professor de Filosofia e mestre em Educação, José Leão da Cunha Filho, diretor de Identidade, Missão e Vocação da Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS). Por isso, “quando cultivamos a vida interior, o impacto das adversidades e imprevistos é reduzido ou, às vezes, eliminado. A espiritualidade nos fortalece e protege, aumenta em nós a resistência às intempéries da vida; humaniza e nos faz aceitar a nossa incompletude e também a dos outros”, analisa ele.
A busca por espiritualidade e bem-estar ganhou novo sentido no último ano. Com o isolamento e o distanciamento social, muitas pessoas encontraram em hábitos como a oração um refúgio para lidar com as dificuldades do momento. Entre as diversas pesquisas que apontam os benefícios dessas práticas, uma pesquisadora da Escola de Medicina de Harvard apontou a redução dos níveis dos hormônios do estresse, como o cortisol e também alterações no cérebro, com desenvolvimento de áreas ligadas ao aprendizado e memória para praticantes de mindfulness, por exemplo, um tipo de meditação.
Conforme explica o professor de Filosofia e mestre em Educação, José Leão da Cunha Filho, diretor de Identidade, Missão e Vocação da Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS), o isolamento social leva as pessoas ao limite: estressando e desgastando suas forças. “Emocionalmente cansadas, elas tendem a se tornar ansiosas, agressivas e pessimistas. A principal consequência é a perda de visão de futuro. Tornam-se vítimas fáceis do desespero”, reflete.
É por esse motivo que desenvolver a espiritualidade é ainda mais importante neste momento, já que o cuidado com a vida interior proporciona melhores condições de enfrentamento das dificuldades impostas pela pandemia. “O modo como olhamos a vida impacta na tomada de decisão. Quando cultivamos vida interior, o impacto das adversidades e imprevistos é reduzido ou, às vezes, eliminado. A espiritualidade nos fortalece e protege, aumenta em nós a resistência às intempéries da vida. Por outro lado, a espiritualidade nos humaniza, faz-nos aceitar nossa incompletude e também a dos outros”, analisa.
Caminhos e ferramentas
Conforme orienta Leão, as religiões, de modo geral, oferecem caminhos para o desenvolvimento da espiritualidade. Da mesma forma, filosofias orientais também apontam jornadas a serem seguidas. Em ambas alternativas, o mestre em Educação cita alguns hábitos e ferramentas que podem ajudar a superar adversidades e desenvolver a espiritualidade:
Rezar: conforme explica Leão, falar menos e escutar mais a voz interior. Quanto mais profundo o silêncio, maior e mais intensa a conexão. A oração também é uma forma de meditação e, para ambos os momentos, a dica é “encontrar um lugar minimamente silencioso, confortável, uma música instrumental suave, olhos fechados, de modo que se possa ficar focado em não pensar em nada, a não ser em escutar o que o coração vai anunciando mansamente”, aconselha. Uma dica para acompanhar essas atividades é o app Bem Diário;
Engajar-se em ações humanitárias: a realização de ações solidárias por pessoas, empresas e instituições tem sido fundamental para auxiliar famílias carentes afetadas pela pandemia no último ano e é também uma forma de desenvolver a espiritualidade;
Saber escutar a si mesmo e aos outros e cultivar bons relacionamentos: a Escuta Solidária, iniciativa da Arquidiocese de Curitiba, apoiada pela PMBCS, é formada por um grupo de voluntários preparados para realizar a escuta de pessoas com alguma ansiedade, desespero, ou simplesmente entristecidas. Ligar para um amigo ou amiga que se reconheça como pessoa espiritualizada e informar que precisa conversar para recuperar a serenidade também é um bom recurso. “Esse caminho é bom manter por toda a vida”, aconselha Leão;
Perdoar: perdoar significa dizer que reconhece no outro a fragilidade que há em si. “Mas é necessário, antes, aprender a perdoar-se. Quem não se perdoa, enche a alma de amargura; ignora a fraqueza humana que está em si. Por isso, tem dificuldade para perdoar o outro. Perdoar e perdoar-se são atitudes poderosas”;
Agradecer: virtude que pode ser exercitada como a simples atitude de pararmos para avaliar como foi nosso dia. “A gratidão constitui o reconhecimento de que somos uma construção de tantas outras pessoas que passam por nossa vida. Elas nos fortalecem, sobretudo quando interagem positivamente conosco”, explica Leão.
Fonte: Vatican News – Colaboração: Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS)