Religiosa ucraniana: inocentes são mortos, imploramos a paz

Imagem: Civis fogem de Irpin, Ucrânia, durante bombardeio pelos militares russos - Foto/reprodução de Vadim Ghirda em https://www.facebook.com/vadim.ghirda

Entrevista com a irmã Ksenofonta, da Congregação da Sagrada Família, que deixou Kiev com suas irmãs e agora se dedica a ajudar, também espiritualmente, os necessitados e refugiados. “Comboios que transportam ajuda humanitária estão sendo alvos de disparos, bombas estão sendo lançadas contra jardins de infância. A dor em nossos corações é enorme. Buscamos a paz na oração”.

 

Por Fabio Colagrande

Abandonaram seu convento em Kiev por razões de segurança e agora vivem ao lado de refugiados e necessitados. Elas dão conforto espiritual, psicológico e material à população e preparam comida para os soldados. São oito religiosas da Congregação da Sagrada Família que vivem na capital ucraniana. Elas partiram em 24 de fevereiro passado, quando a guerra eclodiu. “Aqui inocentes estão sendo mortos, comboios de ajuda são alvos de disparos, a dor é enorme, encontramos paz somente em oração”, disse irmã Ksenofonta, à Rádio Vaticano – Vatican News.

Quando as senhoras deixaram a cidade?

Deixamos a cidade quando a guerra começou. Em 24 de fevereiro, às cinco horas da manhã, o agressor declarou guerra com bombardeios, e as primeiras explosões foram perto da capital. Eu não queria acreditar que era verdade, que era o começo. Mesmo que a guerra esteja acontecendo aqui desde 2014 e milhares de pessoas já tenham morrido nesses anos.

Que serviço as senhoras costumavam realizar em Kiev?

As irmãs de nossa comunidade são muito criativas e normalmente executavam vários serviços. Duas de nós trabalhavam no escritório da cúria patriarcal, uma trabalhva na rádio e televisão, outra pintava ícones e as outras estavam envolvidas na catequese de crianças, jovens e adultos.

Que tipo de ajuda oferecem agora?

Deixamos tudo e hoje nos dedicamos a ajudar os refugiados e os necessitados em nossos mosteiros. Damos diferentes formas de ajuda: espiritual, mas também psicológica. Em seguida, recebemos famílias com crianças que vêm morar conosco temporariamente, à espera de uma futura acomodação. Nós rezamos com eles. Um casal recebeu o sacramento do matrimônio, outro se aproximou do sacramento da reconciliação depois de muito tempo. Então, nossas irmãs, juntamente com o povo, tecem redes de camuflagem para os soldados e preparam comida para eles. Nós nos dedicamos a apoiar as pessoas que estão cansadas, exaustas por esta guerra. Mas acima de tudo, rezamos pela paz e pelo fim da guerra. Temos orações contínuas, durante o dia e também durante a noite.

Como as pessoas reagem à guerra?

As pessoas reagem à guerra de maneiras diferentes, mas todos são contra o conflito e estão preocupados com o futuro. As mães protegem seus filhos de ataques inimigos. Aqui, pessoas inocentes são mortas, comboios que transportam ajuda humanitária são alvejados, bombas são lançadas em jardins de infância. A dor em nossos corações e almas é enorme. Na oração buscamos a paz e o abraço de Deus.

O que é necessário neste momento?

Neste momento, há uma necessidade sobretudo de assistência médica e apoio psicológico, mas o povo está pedindo paz antes de tudo. Todos têm necessidades diferentes, mas o que é necessário aqui é, sobretudo, ajuda material porque as pessoas perderam tudo. Muitos fugiram de seus lares sem nada, apenas com seus filhos.

Quais são suas esperanças?

Rezamos e esperamos que a paz venha em breve. Eu sei que hoje é o Dia Internacional da Mulher, mas é claro que para nós aqui, neste momento, não é tão importante. Cada um de nós está ocupada em ajudar a população. Eu vim a uma igreja para ajudar outras mulheres a preparar comida para os soldados. Temos muito o que fazer para pensar em uma ocasião como esta.

Fonte: Vatican News

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