Reflexão para o Domingo de Pentecostes

Em meio a essa barafunda em que vivemos, pessoas das culturas, classes sociais, ideologias, raças, orientação sexual, religiosidades, línguas, regimes políticos, tudo o mais variado e sem muita conexão, ao contrário, tudo muito bem desconexo, vivemos perplexos e atemorizados com nossa própria segurança, inclusive inseguros com nossa saúde e vida, já que a pandemia causada pelo novo coronavírus foi politizada, sabendo que a mudança de valores é grande e a incerteza, também.

Em meio a tudo isso, a liturgia nos propõe celebrarmos Pentecostes, a vinda do Advogado, do Defensor, o Espírito Santo, Consolador.

A primeira leitura extraída de Atos 2, 1-11, nos fala de uma situação semelhante à nossa, que sofre a harmonização de todo o ambiente, sem nivelar ou uniformizar a sociedade.

Todos são tomados pelo mesmo Espírito e “falam a mesma língua”, ou seja, são concordes em tudo e transmitem essa união dos corações, mantendo as características e contributos específicos de cada qual. E a riqueza da criação se manifesta e é reconhecida e louvada por todos, já que tudo e todos buscam a união e estão submetidos à vontade do Deus Altíssimo. Existe o leque com sua riqueza de varetas, mas todas estão unidas em um ponto que as une, sede da sabedoria, ética e de princípios que não as deixam se perder.

A segunda leitura, 1Coríntios 12, 3-7.12-13 nos traz a solução para conseguirmos o resultado proposto pela primeira leitura e ansiado pela nossa realidade. A presença do Espírito Santo será nossa salvação, a possibilidade de nos mantermos plurais, mas unidos em sociedade.  “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum”; diz o versículo 7. Fomos batizados em um único Espírito! (13)

O Evangelho, João 20, 19-23, deixa claríssima a vontade de Jesus para nós, que tenhamos paz – nessa perícope, ele a dá pelo menos duas vezes – além de nos dar o Espírito Santo e a missão de perdoar os pecados. O novo homem é criado para restaurar o mundo conforme a vontade de Deus. Somos ou deveríamos ser os alegres mensageiros da paz, do perdão, da reconciliação. Jesus, antes de dar a missão de perdoar os pecados, de reconciliar, sopra sobre os discípulos (22), o que nos recorda Genesis 2, 7, a criação do ser humano. E essa nova sociedade, a Igreja, é constituída para a missão de perdoar, de reconciliar, de trazer a paz. Somos batizados para a nossa salvação. Por isso recebemos a vela acesa na cerimônia do batismo, para sermos luz, para sermos pessoas que levantam o ânimo de todos, pessoas para cima, com grande auto estima, porque portamos o Espírito Santo, Aquele que faz nova todas as coisas!

Fonte: Vatican News – reflexão por Padre Cesar Augusto, SJ

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