Reflexão para o 28º Domingo do Tempo Comum

Quantas vezes nos iludimos na escolha de bens e optamos por aquilo que reluz e, mais tarde, chegamos à conclusão de que “nem tudo que reluz é ouro” e fomos levados pela aparência; nos deixamos enganar.

 

Na primeira leitura, extraída do Livro da Sabedoria 7, 7-11 vemos o autor sagrado falando que preferiu a sabedoria aos governos de reinos e nada se iguala a ela, nenhuma joia, nem saúde e beleza e até a própria luz.

Vemos que, na vida, frequentemente somos levados a fazer escolhas, discernimentos e se não tivermos a sabedoria, fazemos opção equivocada.

Quantas vezes nos iludimos na escolha de bens e optamos por aquilo que reluz e, mais tarde, chegamos à conclusão de que “nem tudo que reluz é ouro” e fomos levados pela aparência; nos deixamos enganar.

E a situação piora se essa opção diz respeito a pessoas, a quem escolho como colaborador e, pior, se a questão é quem será cônjuge, quem chefiará a nação ou a empresa! Quantas vezes nos enganamos com  belas aparências e linguajar erudito, com diplomas obtidos em instituições renomadas ou portadores de referências importantes! Achamos que estamos preparados para a escolha, confiamos demais em nossa habilidade, em nosso taco, como se diz. E poderemos errar solenemente e aí, a desdita será, não apenas minha, mas de todos os envolvidos com meu equívoco.

Como agir para não haver enganos? Logo no início da primeira leitura está escrito:” Orei, e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espírito da sabedoria.” Orar e suplicar, atitudes humildes, de quem não se sente senhor dos elementos fundamentais para um discernimento inspirado. Refletindo sobre o Evangelho, Marcos 10,17-30 vemos Jesus confrontado com alguém que o chama de “bom mestre” e lhe pergunta sobre o que fazer para ganhar a vida eterna?

Esse alguém, costumeiramente chamado de jovem rico, questiona Jesus, elogiando-o, chamando-o de mestre, de bom mestre, e faz a pergunta mais importante, isto é, o que fazer para alcançar a felicidade na eternidade? Dentro do diálogo que sucede, percebemos que a pessoa tem estrutura emocional e conhecimento da Lei, não é qualquer um. E Jesus o olha com amor e lhe diz para trocar tudo o que tem, despojando-se em favor dos pobres, dos que nada tem,  pelo tesouro no céu. Em seguida, o Senhor o convida para ser seu seguidor. A felicidade eterna, segundo Jesus, começa no despojamento de toda e qualquer segurança, na abnegação de si mesmo e no seguimento Dele. Contudo a pessoa é muito rica, possui muitos bens (outros diriam que ela é possuída pelos bens, não é livre, depende deles, por isso não se liberta) e não é livre. O apego aos bens é fortíssimo e ela vai embora, triste, mas vai embora. Apesar de ter praticado a Lei, desde sempre, seu apego aos bens é muito mais forte que sua vontade de viver eternamente feliz. Sua opção foi pelos bens e não pela eternidade feliz! E aí, Jesus declara aos discípulos:” Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus”! Não basta seguir os Mandamentos, não basta a boa vontade, mas o fundamental é seguir Jesus, para isso é necessário o despojamento, a abnegação.

Como Jesus continuasse o discurso falando da dificuldade para uma pessoa entrar no Reino de Deus, e isso começou a gerar desânimo neles, o Senhor declara que para Deus nada é impossível, para Deus tudo é possível. Nesse momento, Pedro, o líder do grupo, replica: “Eis que deixamos tudo e te seguimos.” E Jesus, o aquieta dizendo que quem deixar tudo por causa Dele e do Evangelho, receberá cem vezes mais, já nesta vida, com perseguições e, no mundo futuro, a vida eterna.

A questão está em seguir Jesus, essa é a verdadeira e única sabedoria, o inspirado discernimento. Não vamos colocar nada no lugar do Senhor, não será uma vida vivida segundo os preceitos e mandamentos (isso, o filho mais velho da parábola do filho pródigo, de Lc 15, 11-32, também fazia, mas por considerar o pai como um patrão), mas sim, uma vida onde o centro é Jesus Cristo, onde ele reina como Senhor Absoluto. Nada nos arrebatará a consciência de que somos Dele e a Ele pertencemos, nenhuma riqueza, nenhuma preocupação, nem mesmo a nosso respeito, porque sabemos que o Pai cuida de nós. Tratamos nossa vida, nosso mundo, tratamos tudo com muita atenção e carinho, mas com muito equilíbrio porque só existe um único Deus e Pai de todos.

Fonte: Vatican News – Padre Cesar Augusto

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