Tornar a Palavra de Deus cada vez mais conhecida e amada. Este é um dos desejos do episcopado brasileiro reunido na 58ª Assembleia Geral da CNBB (58ª AGCNBB), que teve início na segunda-feira (12). “Nosso desejo é poder nutrir sempre mais o povo com a Palavra de Deus”, afirmou o bispo da diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA), dom Armando Bucciol, durante a primeira coletiva de imprensa.
De acordo com dom Armando, no documento apresentado na manhã deste primeiro dia de assembleia, há um capítulo que trata dos diversos tipos de terreno, nos quais a Palavra é semeada, tendo como pano de fundo a parábola do semeador. Entre estes terrenos está a Palavra de Deus nos sacramentos.
“O Concílio recomendava que nenhum sacramento seja celebrado sem que escutemos a Palavra de Deus; até o sacramento da penitência, da reconciliação deve ser acompanhado da escuta da Palavra, para que essa escuta renove em nós o ardor e o amor. O grande evento do Concílio foi devolver à Igreja Católica a Palavra de Deus depois de séculos em que ela ficou sem receber o devido destaque, a devida atenção”, destacou.
A Palavra de Deus também deve ser semeada no compromisso e na vida missionária, na iniciação à vida cristã, na piedade popular, na família e na juventude, no ecumenismo e no diálogo inter-religioso, nos meios de comunicação e na formação de ministros ordenados. “A família é o sujeito fundamental, é o lugar por excelência onde a Palavra de Deus deve ser ouvida, vivida e transmitida. Neste tempo de pandemia, muitas famílias redescobriram a Palavra de Deus como alimento”, disse dom Armando.
O prelado também falou sobre as homilias, para que os padres e os bispos tomem consciência desta tomada de palavra, que é delicada, complexa e complicada. “Eu sugiro que todos leiam a Evangelii Gaudium, do Papa Francisco. Eu acredito que homilias de 40 minutos são um abuso gravíssimo. Me decepciona ver pregadores, inclusive nas TVs católicas, que ignoram a Palavra, pulam de um lado para o outro no altar e contam piadinhas. É um escândalo. Por isso, católicos, leigos e leigas, sejam muito francos com os seus párocos e até mesmo com os seus bispos”, disse.
Entre as perguntas realizadas pelos jornalistas que acompanharam a coletiva de imprensa, uma destacou a necessidade da Pastoral da Escuta, considerada importantíssima para dom Armando, que destaca, sobretudo, a necessidade da escuta, de modo especial, da juventude. “Nós devemos multiplicar mentes e corações que saibam, de verdade, escutar. É importante que multipliquemos dentro da Igreja e da sociedade pessoas e psicólogos, médicos, profissionais das várias áreas, e também dentro da Igreja, a habilitar pessoas que dediquem tempo a escutar, com carinho, os anseios e as as angústias das pessoas”, afirmou.
CNBB