Quando a morte é fonte de vida

Imagem: "O Caminho de Emaús" do artista Altobello Melone (Wikimedia Commons)

Por Frei Clarêncio Neotti

 

Os dois discípulos tinham escutado das mulheres que Jesus ressuscitara (vv. 22-23), mas não foram ao túmulo vazio. Preferiram voltar para seu trabalho. A ideia que faziam de Jesus de Nazaré era insuficiente, incompleta. Tinham-no por profeta e esperavam que ele levantasse o povo contra os romanos invasores e “fosse o libertador de Israel” (v. 21).

Compreende-se, então, facilmente a decepção. Um general morto jamais fará guerra nem contará vitórias. Eles não tinham sabido ler os sinais: nem o que os profetas predisseram nem o sentido dos milagres de Jesus. Não haviam alcançado a dimensão divina de Jesus de Nazaré. Apenas haviam percebido a sua grandeza humana, a sua capacidade de liderança, o seu senso de justiça, o seu “poder profético em ação e palavras” (v. 19).

Se Jesus tinha todas essas qualidades, tinha uma outra que eles não alcançavam: tinha poder divino, tinha “o poder de dar a vida e retomá-la quando quisesse” (Jo 10,18). Era homem, filho de carne humana, mas era o Filho de Deus. Não basta simpatizar com a causa de Jesus. É preciso nunca perdermos de vista a dimensão divina de Jesus, para não ficarmos decepcionados diante de seu túmulo vazio e não vermos que está vazio, porque ele ressuscitou. A força guerreira e política termina na morte. A força divina e redentora transforma a própria morte em fonte de vida.

Fonte: Franciscanos


FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFMentrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.

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