Procissão do Encontro

JESUS ENCONTRA A SUA MÃE NO CAMINHO DO CALVÁRIO

Entenda como surgiu a Procissão do Encontro e o que devemos refletir, mesmo neste isolamento social

A celebração do encontro é a representação do encontro de Jesus e Maria Santíssima na Via Crucis. Dentro da Semana Santa, também chamada de “A Grande Semana”, em muitas paróquias é realizada  a “Procissão do Encontro”, entre o Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores, que neste ano novamente, em razão da pandemia da Covid-19, está suspensa.

Nas Sagradas Escrituras é encontrado o relato da Paixão de Cristo, quando muitas pessoas acompanhavam Jesus no caminho do calvário. Certamente sua Mãe Santíssima também O acompanhava neste caminho doloroso. A tradição católica, para relembrar este momento tão emocionante, criou a Procissão do Encontro que é uma prática religiosa popular muito antiga. O Documento de Aparecida pede o respeito e o incremento pela piedade popular, tão zelosamente demonstrado pelo Papa Francisco nos seus gestos junto às imagens.

Na Procissão do Encontro o povo de Deus se reúne geralmente em dois grupos, um formado basicamente por homens e outro grupo por mulheres. Cada grupo carrega uma imagem: os homens carregam a imagem do Bom Jesus dos Passos, e as mulheres carregam a imagem de Nossa Senhora das Dores.

Maria é, portanto, a discípula fiel que não deixa o Senhor sozinho.

Esse gesto e atividade nos fazem refletir sobre o sentido desse encontro. Vemos Maria firme na companhia de Seu Filho Amado. Esta firmeza de Maria a aproxima do Filho sofredor e se encaminha com Ele para a cruz. Maria é, portanto, a discípula fiel que não deixa o Senhor sozinho. Jesus é vítima da violência contida no coração dos homens, é vítima do abandono por parte dos amigos, da rejeição por parte da classe religiosa da época, do escárnio dos romanos que irão executar uma pena arquitetada contra um inocente.

A mãe de Jesus está lá, marcada pela dor e pelo sofrimento, mas permanece em pé, firme e disposta a seguir seu Filho para o extremo da cruz! Acompanhar os sofredores é uma forma de amenizar o sofrimento. Compadecer-se de quem sofre é uma maneira de diminuir a carga.

Vislumbrando Maria que acompanha Jesus em sua caminhada, nós vemos reluzir em um destaque no altar da cruz o sacrifício de Deus, que se entrega por amor de nós, e em outra instância vemos acontecer no coração de Maria, que se faz presente no sofrimento do Filho, o que Jesus deseja que aconteça na vida de cada um de nós: a purificação de nossa vida por meio do Sacrifício da cruz. Então, tomando a sério como esta afirmação merece, diremos sem dúvida alguma que Maria é o modelo mais concreto da santificação que Jesus nos concede, por meio de sua vida entregue na cruz pelos pecadores. É o poder que emana da cruz que nos possibilita carregar a nossa cruz. Maria nos ensina como se comportar diante da cruz, pois sem cruz não há salvação. A salvação passa pela cruz.

Geralmente nesta procissão os homens saem de uma igreja com a imagem de Nosso Senhor dos Passos, e as mulheres saem de outra igreja com Nossa Senhora das Dores. Acontece então o encontro entre a Mãe e o Filho. Depois se é feito o célebre Sermão do Encontro, ou em alguns lugares o Sermão das Sete Palavras, que na verdade são sete frases:

1- Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.  Lc 23,34 a

2- Hoje estarás comigo no paraíso.  Lc 23,43

3- Mulher, eis aí o teu filho, filho, eis aí a tua mãe. Jo 19,26-27

4- Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes? Mc 15,34

5- Tenho sede. Jo 19,28 b

6- Tudo está consumado. Jo 19,30 a

7- Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. Lc 23,46 b

Nosso Senhor dos Passos e uma devoção especial na Igreja Católica a Ele dirigida, que faz memória ao trajeto percorrido por Jesus Cristo desde sua condenação à morte no pretório, até o seu sepultamento, após ter sido crucificado no Calvário.

A história dessa devoção remonta à Idade Média, quando os cruzados visitavam os locais sagrados de Jerusalém por onde andou Jesus a caminho do martírio, e quiseram depois reproduzir espiritualmente este caminho, quando voltaram à Europa, sob forma de dramas sacros e procissões, ciclos de meditação, ou estabelecendo capelas especiais nos templos.

A devoção a Nossa Senhora das Dores possui fundamentos bíblicos, pois é na Palavra de Deus que encontramos as  sete dores de Maria: o velho Simeão, que profetiza a lança que transpassaria (de dor) o seu Coração Imaculado; a fuga para o Egito; a perda do Menino Jesus; a Paixão do Senhor; crucifixão, morte e sepultura de Jesus Cristo.

Portanto, na Celebração do Encontro nós somos chamados a refletir este caminho doloroso percorrido por Nosso Senhor Jesus Cristo, junto a Nossa Senhora até o calvário, caminho onde Jesus remiu os nossos pecados, e nos mostrou o Maior ato de amor. O Caminho do Calvário onde Jesus se ofertou por amor para que alcancemos a vida eterna.

Fonte: A12 Dom Orani João, Cardeal Tempesta

O.Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

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