Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
Bispo de Campos (RJ)
Ao comemorarmos o dia do trabalho, vem a lembrança do tema do dia mundial da saúde que clamava por uma sociedade justa e saudável para sairmos da pandemia. De fato, o trabalhador se debate, hoje, entre a doença e a fome, e vê quão difícil é conseguir o pão de cada dia. Com mais de 14 milhões de desempregados e um número expressivo de subocupados em biscates, ou no que se chama a uberarização da economia, a situação é crítica e angustiante.
Ao mesmo tempo, pensar que a volta ao normal do trabalho, sem proteção nem cuidado, é a solução para sair da crise, é uma premissa falsa e letal. Trata-se de firmar o Pacto pela Vida e pelo Brasil, que já foi assinado por mais de 100 entidades da sociedade civil, que propõe um caminho de diálogo, encontro, escuta, de todos os segmentos e movimentos sociais para construir um pacto social que possa impulsionar um desenvolvimento integral, solidário e sustentável.
O trabalhador é chamado a exercer sua liderança e tornar-se sujeito da geração de uma economia a serviço da vida, como assinala o Papa Francisco, pois o cuidado com a Casa Comum será tarefa irrenunciável do pós- pandemia. Diante de tantos desafios e sindemias, que esboroam e destroem o tecido social e condenam à fome milhões de brasileiros, olhamos também com admiração e confiança a resiliência, força e capacidade do povo honesto simples e trabalhador.
Será dos trabalhadores, espelhados em São José operário, que surgirá um mundo novo saudável, equitativo e partilhado, onde caibam todos/as, uma nova civilização do trabalho criativo que cuida da vida e da Terra. É hora de semear esperança, pois só venceremos a pandemia com a união do trabalho no campo e na cidade, garantindo, como afirma o Papa Francisco, terra, teto e trabalho para todas as famílias, salvaguardando a Vida, a Democracia, e a Casa Comum. Que São José abençoe a todos os trabalhadores/as, impulsionando-os a se tornarem artesãos da vida, da paz e da justiça. Louvado seja Deus!