Enquanto o mundo assiste com preocupação a escalada da tensão na Ucrânia, o padre Andriy Zelinskyy, capelão militar da Igreja Greco-católica, fala de sua ação pastoral entre os soldados, que temem o início do conflito: “Mesmo na guerra, a Palavra de Deus suscita esperança”. Agradecemos ao Papa Francisco pelo Dia de Oração pela Paz na Ucrânia, que propôs para a última quarta-feira: “Estamos profundamente agradecidos. Agora não nos sentimos mais sozinhos”!
Por Federico Piana
Cruz de madeira no colete à prova de balas, botas cheias de lama nas trincheiras, Evangelho no bolso da farda de camuflagem: assim se apresenta o padre Andriy Zelinskyy, quando sopram ventos de guerra na região. “Nossa missão – diz o sacerdote ucraniano greco-católico, capelão militar na Ucrânia – é estar ao lado dos soldados, levando-lhes um pedaço do Céu, para que não seja comprometida a sua capacidade de escolher o bem, buscar a verdade, proteger a justiça e até contemplar a beleza”.
O padre Andriy Zelinskyy, jesuíta da Igreja Greco-Católica ucraniana, sente profunda preocupação pela ansiedade que agita o coração daqueles jovens, armados de fuzil, que temem a escalada de tensão na fronteira ao leste do país. Desde que começaram os primeiros conflitos armados, em 2014, ele leva conforto e amor às áreas envolvidas, como Pisky, Scerokino, Avdiyivka e Vodiane. “Em oito anos, – explica o sacerdote – perdemos 14 mil vidas. Esta guerra pode ser definida, realmente, como guerra híbrida, que, de fato, já está em andamento, mas que muitos ignoram”.
Há um observatório privilegiado, de onde o padre Zelinskyy pode entender melhor o verdadeiro valor da vida humana: as trincheiras. Estas valas cavadas pelos soldados ucranianos, para se defender dos ataques do inimigo, são lugares preciosos para sondar as profundezas do coração humano. “Com o passar do tempo – diz o Capelão militar – percebi que não tenho mais palavras para consolar quem perdeu um irmão, um amigo, um companheiro, em um conflito que o mundo ignora. Mas, devemos saber ouvir e fazer com que os soldados encontrem o Senhor da Paz, através da oração comum”.
O temor pela eclosão do conflito levou a Igreja Greco-Católica ucraniana a intensificar as ajudas às famílias dos soldados, mediante assistência material e espiritual. Por exemplo, as mães, que perderam um filho, compartilham sua dor nos momentos de oração, enquanto as crianças, que perderam seus pais no combate, são acompanhadas em ocasiões de lazer e recreação. “A fé – diz Padre Zelinskyy – contribui para encontrar o verdadeiro caminho nas trevas da violência. Até durante a guerra, a Palavra de Deus acende uma luz de esperança”.
As famílias dos militares e os próprios soldados estão agradecidos ao Papa Francisco por seus prementes apelos pela Paz, o último dos quais durante a oração do Angelus, no último domingo (23/01), quando o Pontífice também anunciou um Dia de Oração pela Paz, na quarta-feira, 26 de janeiro. O Capelão militar, que os representa, diz: “Estamos profundamente agradecidos por tudo o que o Papa faz pela Ucrânia. Percebemos que não estamos sozinhos! Isso causa-nos uma grande emoção. Todos nós devemos rezar pela paz, junto com o Santo Padre, não apenas em nosso país, mas no mundo inteiro e em cada coração humano”.
Fonte: Vatican News