Por Pe. Johan Konings
A Igreja, ensina Paulo na 2ª leitura (1Cor 12,12-14.27), é corpo, organismo composto de diversos órgãos. Para poder agir como convém, é preciso que todos os órgãos do organismo colaborem. O pé não pode desprezar a mão, nem ocupar seu espaço. Este ideal (de constituir um corpo com todos os seus órgãos bem coordenados) é o que hoje se chama a “pastoral orgânica”. Não fria organização, mas amor e carinho agindo harmoniosa e organicamente – amor que tenha cabeça!
Esta pastoral orgânica, este formar corpo é indispensável para que a Igreja continue a fazer aquilo que Jesus, no evangelho, proclama ser sua missão: anunciar a boa-nova aos pobres e oprimidos. Pois uma Igreja dividida, entregue ao jogo da ambição e do poder, como poderia ela priorizar os que não têm nada a oferecer e optar verdadeiramente pelos pobres e oprimidos? A opção pelos pobres, ao modelo de Jesus, e a coerência da Igreja na sua vida e pastoral são inseparáveis. Quem recebeu o dom do saber – os teólogos e professores – tem de colocá-lo a serviço dos simples, para que entendam a vida da Igreja e participem dela como sujeitos conscientes. Quem tem o dom da administração deve fazer com que as possibilidades econômicas dos ricos estejam à disposição dos necessitados.
Quem tem o dom de governar – a hierarquia – deve usá-lo para animar e exortar, e não para impor decisões autoritárias. Os que muito podem, material ou socialmente, devem formar organismo único com os que pouco podem. Os que pouco podem devem se empenhar como sujeitos para criar a comunidade fraterna em que todos vivem solidários. Organicidade pastoral é isso aí: que todas as possibilidades e funções estejam bem unidas em tomo do “alegre anúncio” que por Jesus foi dirigido em primeiro lugar aos pobres e oprimidos, anunciando a sua libertação como sinal de um novo tempo, de uma nova realidade. Para isso, a Igreja deve ser comunidade de amor “em e de verdade” (lJo 3,18). Ela é o corpo, a presença atuante do próprio Cristo, levando adiante a sua missão.
Fonte: Franciscanos
PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.