Por Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba/MG
Muitos olhares se encontram e se encantam ao perceber a grandeza e pujança da natureza. Por causa do privilégio avanço de toda a tecnologia dos últimos tempos, estamos visualizando coisas maravilhosas, em diversas direções, especialmente naquilo que privilegia a riqueza da vida, seja ela humana, como de toda a criação. Um olhar, que deve ser com tonalidade sempre positiva.
O olhar precisa se transformar em missão, encantamento e trabalho de construção de realidades novas, com visão voltada para o alto, mas com os pés no chão. É o que diz o Salmo: “Elevo os meus olhos para os montes, de onde me virá o socorro” (Sl 121,1). Isto é bem diferente de pessimismo, de olhar sem compromisso e apoiado apenas nos próprios e egoístas interesses pessoais.
Existe um texto bíblico muito sugestivo para falar do sentido do olhar: “Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas a trave que está no teu próprio olho?” (Mt 7,3). O importante é olhar para si mesmo, sem más pretensões, e olhar para o outro de forma positiva e fraterna. Não agir nas dimensões do famoso ditado popular: “Olhar só para o próprio umbigo”.
E o olhar da fé!? O alvo a ser atingido é Deus, em Jesus Cristo. Jesus não pode ser visto como um fantasma, no entender dos apóstolos, num momento de medo (cf. Mt 14,26). A fé supera o medo e faz a pessoa se comprometer com a prática cristã. Ela leva ao envolvimento com as realidades do cotidiano. Isto está muito presente nos gestos de solidariedade com as pessoas mais sofridas.
No Apocalipse, João viu “um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1). Sinal de que o passado ficou, o presente acontece e o futuro deve ser de esperança na ação salvadora de Deus. Agora é andar para frente e olhar para Jesus sem embaraços e tropeços. Quem somente olha para trás e não consegue se envolver com os problemas de hoje, não é digno de seguir Jesus Cristo.
O cristão é convidado a fixar os olhos na cruz de Cristo, porque ela é porta de vida eterna. O caminho não é fácil e a porta é estreita, por onde passam os que lutaram e foram perseverantes numa vida honesta, justa e fraterna. Esse foi o itinerário libertador de Jesus, assumido com liberdade e obediência ao Pai. Os frutos de uma vida sofrida, assumida com responsabilidade, são de eternidade.
Fonte: CNBB