O exemplo que vem do pequeno reduto de ucranianos em solo brasileiro, na cidade de Prudentópolis, no Paraná, ilustra o tuíte lançado pelo Papa Francisco nesta terça-feira, 20 de junho, Dia Mundial do Refugiado designado pelas Nações Unidas. O munícipio recebeu refugiados fugidos da guerra na Ucrânia, como confirma o Pe. Dionísio Horbus: “essa é uma das missões Igreja: acolher quem migra, quem precisa se refugiar por tantas situações que hoje a realidade os coloca”.
Por Andressa Collet
Assim o Papa Francisco tuitou nesta terça-feira, 20 de junho, Dia Mundial do Refugiado designado pelas Nações Unidas para homenagear as pessoas refugiadas em todo o mundo. O Pontífice, em seus posicionamentos diante da realidade migratória, reforça com frequência os quatro verbos em atenção às pessoas migrantes: “acolher, proteger, promover e integrar”. E neste ano, em mensagem para o 109º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado que será celebrado pela Igreja em 24 de setembro, com o tema “Livres de escolher se migrar ou ficar”, Francisco reforçou que, “enquanto trabalhamos para que toda a migração possa ser fruto de uma escolha livre, somos chamados a ter o maior respeito pela dignidade de cada migrante; e isto significa acompanhar e gerir da melhor forma possível os seus fluxos, construindo pontes e não muros, alargando os canais para uma migração segura e regular”.
Prudentópolis, a comunidade acolhedora
O Papa também observou: “onde quer que decidamos construir o nosso futuro – no país onde nascemos ou fora dele –, o importante é que lá haja sempre uma comunidade pronta a acolher, proteger, promover e integrar a todos, sem distinção nem deixar ninguém de fora”. Assim como fez o pequeno município paranaense de Prudentópolis, com mais de 50 mil habitantes, localizado a 200 quilômetros de Curitiba, quando se mobilizou para receber refugiados ucranianos por causa da invasão russa assim que a guerra estourou, em 24 de fevereiro de 2022; mas que já voltaram para a Europa. É o que nos conta o pároco da Paróquia São Josafat, Pe. Dionísio Horbus:
“Eles não saem porque gostam ou amam sair, mas muitos deles são forçados a abandonar as suas terras, o seu país, o seu povo e a sua casa, forçados por diversas situações. No caso do povo ucraniano, foi forçado a abandonar por causa da agressão que está sofrendo o seu país. E muitos países receberam esses migrantes, como Prudentópolis: recebemos poucas pessoas que vieram para cá por ser muito distante lá da Ucrânia, porque uma grande parte preferiu ficar nos países próximos à Ucrânia, na Europa. Mas aqueles que chegaram aqui no Brasil, no caso de Prudentópolis, foram duas famílias especificamente que vieram como refugiados. Foram acolhidos pela comunidade, se formou um comitê de ajuda, se levantaram alguns recursos para tal, foram equipados dois apartamentos e essas pessoas ficaram até o tempo que elas resolveram pedir o retorno para mais próximo do seu país.”
Cristo também se encontra nos refugiados
A cidade de Prudentópolis leva o título de “Pequena Ucrânia” por ter cerca de 80% da população formada por descendentes de ucranianos – o maior número de descendentes do país europeu no exterior – e manter a forte religiosidade e costumes dos antepassados. Uma característica reforçada pela própria missão da Igreja católica quando decidiu dar assistência ao grupo de refugiados em Prudentópolis:
“É um dever da Igreja, já que podemos nos perguntar onde Cristo se encontra hoje: ele se encontra nos refugiados também. As pessoas que, assim como ele, precisam fazer esse caminho para diversos lugares do mundo para salvar a sua vida. O Papa também diz que aqueles que saem, fogem de conflitos, precisam ter uma acolhida, sem desculpas para deixar para mais tarde. Temos que enfrentar juntos essas consequências dos ataques. Então, no que a Igreja pode se organizar, ela está sempre aberta. E essa é uma das suas missões: acolher aqueles que migram, aqueles que precisam se refugiar por tantas e tantas situações que hoje a realidade os coloca.”
Fonte: Vatican News